Crítica: Meia-noite em Paris

Crítica: Meia-noite em Paris – Ambrosia

Em Meia-noite em Paris, mais uma vez Woody Allen aposta na fórmula de colocar o protagonista transitando por dois universos diferentes. Owen Wilson – o ator que até agora melhor personificou o alter ego de Allen – é Gil, um escritor que não quer mostrar seu trabalho para ninguém. Ele está noivo da chatinha Inez (Rachel McAdams), que lembra a personagem de Christina Ricci no fraco Igual a Tudo na Vida. Da mesma forma que Jason Biggs, Owen Wilson interpreta o noivo que não sabe muito bem lidar com uma mulher mandona, tema tão recorrente na obra de Woddy Allen.

O casal está passando uns dias em Paris porque o pai de Inez está fechando alguns contratos de trabalho. Gil é absolutamente apaixonado pela cidade, e sonha em como ela seria nos anos 1920. Certa noite, ele se perde pelas ruas, senta-se em uma escadaria e quando o sino toca meia-noite, um carro vem buscá-lo. Ele vai parar em uma festa e conhece ninguém mais ninguém menos que Zelda e Scott Fitzgerald (Alison Pill e Tom Hiddleston). Os próprios! A partir daí ele começa a transitar entre o presente e o passado, conhecendo artistas como Pablo Picasso, Salvador Dalí (Adrien Brody, magnífico no papel) e Ernest Hemingway, esse último um sujeito profundo e dado a guerras e à coragem. Gil quer que ele leia seu manuscrito, mas ele prefere repassá-lo a Gertrude Stein (Kathy Bates).

É na Paris dos anos 1920 que ele também conhece Adriana, em uma doce interpretação de Marion Cotillard, que é francesa. No meio do créme de la créme da vanguarda, o personagem vai aprender a lidar com a sua nostalgia. A “Idade do Ouro” do protagonista é a Paris dos anos 1920, e a “L’âge d’or” de Adriana é La Belle Époque. Ambos vão aprender juntos as implicações de querer estar sempre no belo passado, fugindo do presente sem graça.

A trilha é como em Vicky Cristina Barcelona: traz a sonoridade típica da cidade-luz e se repete sempre, sem nunca esgotar. A sequência de abertura gasta pelo menos dois minutos ininterruptos com cenas da Paris do século XXI, sempre linda e radiante. A participação de Carla Bruni pouco ou nada acrescenta à trama. Sua personagem é apagadinha e podia ter sido vivida por qualquer atriz, até mesmo uma desconhecida. No mais, Meia-noite em Paris é mais um filme de Woody Allen, com sua leveza, beleza e bom humor característicos. Sem esquecer das neuroses, é claro.

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