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Crítica: "O Candidato Honesto" entre a (sagaz) crítica e a (banal) gargalhada

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Dentre as tantas comédias ruins que inundam nossos cinemas – e não há qualquer preconceito com o gênero, apenas a banalização generalizada de seus realizadores – de vez em quando (muito de vez em quando) alguns exemplares são dignos de nota, principalmente por levarem o gênero a sério, e o desafio do paradoxo é o que garante esse êxito.
O Candidato Honesto, novo filme do comediante Leandro Hassum, pode se enquadrar nessa exceção, mesmo dando lá suas escorregadas. A premissa é muito pertinente: Hassum vive José Ernesto, um candidato à presidência da República com grande popularidade, mas o deputado é corrupto, mentiroso e cheio de falcatruas à sua volta. Na reta final de sua campanha, Ernesto recebe um comunicado de que sua avó está à beira da morte e gostaria de vê-lo uma última vez. O acontece é que, como último ato em vida, ela lhe joga uma praga, fazendo-o prometer que nunca mais mentiria, seja dentro de casa ou na vida política.

candidato

Fazer crítica pela comédia, quando bem sucedida, é um delícia. A assimilação vira sempre um exercício de observação do senso do ridículo do que vivemos nesse país. O roteiro de Paulo Cursino é intrépido nessa questão, facilitando demais a comicidade da história. Atrelado à isso, está a subtrama do candidato que não consegue mais mentir (ecos claros em O Mentiroso, com Jim Carey, de 1997), o que garante gags previsíveis, mas que com o talento de Hassum em explorar sua histeria caricata, funciona que é uma beleza.
A direção de Roberto Santucci (do lamentável Até Que a Sorte nos Separe) mantém a falta de apuro de sempre do realizador, mesmo com cenários interessantes que vão da Brasília de Niemeyer ao veraneio de Búzios. A questão ética tenta se sobressair em meio a tantas necessidades de fazer rir do roteiro (e de não fugir de certa superficialidade dramaturgica, como podemos perceber no interesse romântico de seu protagonista e no final) mas entre uma gargalhada e outra, o filme consegue se impor como uma rasgada comédia dramática. Um paradoxo? Sim, estamos falando de Brasil!

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