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Crítica: "O Espelho" reflete fragmentos de um bom filme de terror

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M67 Katie Sackhoff stars in Relativity Media's OCULUS. Photo Credit: John Estes ©2013 Lasser Productions, LLC. All Rights Reserved.
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O terror no cinema vive de modismos. Se um filme que mostra um determinado assunto (ou personagem) consegue a adesão popular, logo surgem outros com elementos semelhantes, que podem até obter bons resultados. Atualmente, o que faz sucesso são aqueles com histórias sobre casas mal assombradas, com espíritos vingativos capazes de destruir famílias inocentes, como “Mama”, “Invocação do Mal”, ou os dois filmes da série “Sobrenatural”. O mais recente desta leva ao chegar às salas brasileiras atende pelo nome de “O Espelho” (“Oculus”), que traz uma interessante variação do mesmo tema, embora nem tudo funcione a contento como deveria ser.

A história começa no dia em que Tim Russell (Brenton Thwaites) completa 18 anos e deixa de ser interno de um manicômio por causa de um crime que ele cometeu quando era uma criança. Sua irmã Kaylie (Karen Gillian), vai atrás dele e pede sua ajuda para cumprir uma promessa que fizeram quando se separaram, pois está convencida que a tragédia que os separou e acabou com sua família está relacionada a um espelho antigo, que os pais (Rory Cochrane e Katee Sackhoff) compraram para decorar um escritório na casa para onde se mudaram. Ela monta, então, um grande esquema para destruir o objeto no mesmo lugar onde aconteceu a traumática experiência. O problema é que Tim não quer acreditar em nada que Kaylie lhe diz e tenta convencê-la a deixar sua obsessão para lá. Porém, aos poucos, ele percebe que tudo que ele enterrou no passado, graças a muita terapia, pode voltar e com uma força ainda maior.

O que mais chama a atenção em “O Espelho” é perceber que o diretor Mike Flanagan funciona como Bom Bril: com mil e uma utilidades. Brincadeiras à parte, ele não é só responsável pela direção como também co-assina o roteiro (com Jeff Howard) e também a ótima edição, que consegue fazer uma boa alternância entre o presente e o passado, para explicar os fatos que levaram à tragédia que se abateu sobre a família Russell no passado. Flanagan sabe como fazer a plateia ficar com os olhos grudados na tela para saber o desenrolar da trama. Pena que o texto não é muito criativo e apela para alguns clichês que lembram outras produções mais memoráveis, como o clássico “O Iluminado”, ou mesmo “A Bruxa de Blair”, representado pelo fato de Kaylie querer documentar tudo o que acontece usando câmeras de vídeo e cujas imagens não revelam exatamente o que ela e o irmão presenciaram na casa. Mas a história ganha pontos quando os dois confrontam as versões dos fatos que eles guardaram em suas memórias, fazendo o espectador questionar quem está falando a verdade ou quem está menos são do que o outro.

Boa parte do elenco não é muito conhecida de quem não costuma assistir a seriados de TV, mas a grande maioria entrega atuações, no mínimo, satisfatórias. A bela escocesa Karen Gillian, de “Dr. Who” e que deve ficar mais famosa com o lançamento de “Guardiões da Galáxia” consegue tornar crível sua personagem obsessiva e angustiada. Katee Sackhoff, que foi a Starbuck de “Battlestar Galactica”, também se destaca com a transformação de uma simples dona de casa que aos poucos (por causa de sua insegurança por se achar menos atraente para o marido) vai enlouquecendo por causa da possível influência do espelho, assim como Rory Cochrane, de “Argo” e da série “C.S.I. Miami”, que assusta com sua degradação física e mental, tornando-o bastante perigoso para os filhos. Os jovens Annalise Basso e Garrett Ryan não comprometem vivendo os protagonistas quando crianças. O único que fica abaixo do esperado é Brenton Thwaites, que não foi a escolha mais adequada para interpretar Tim. O ator, que apareceu recentemente em “Malévola”, mostra que ainda precisa amadurecer mais para aceitar papéis mais dramáticos, que exijam mais do que a sua fina estampa. Por sorte, ele conta com Gillian para uma boa parceria na maioria das cenas, embora ela se sobressaia ainda mais por causa da diferença de qualidade da atuação entre os dois.

Com uma boa ambientação e alguns sustos eficientes, “O Espelho” pode até incomodar quem for facilmente influenciável. Mas os fãs de filmes de terror talvez não fiquem tão impressionados com essa produção, por causa das semelhanças vistas em outros filmes do gênero. Mesmo assim, não deve ser de todo desprezado pelos espectadores e nos faz prestar atenção no nome de Mike Flanagan, que pode ficar ainda mais conhecido nos próximos anos com projetos ainda mais interessantes. Depende das escolhas dele para que não se torne um simples reflexo de um bom cineasta, como muitos que surgem de tempos em tempos.

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