O cinema não pode se dar ao luxo de ser apenas mediano, dada a cada vez mais ambiciosa proposta artístico-discursiva da TV, principalmente a fechada americana. Foi com essa sensação que saí do cinema ao fim do aguardado O Juiz, volta ao drama do superastro Robert Downey Jr, num filme que, como sugere o título, se embasa no gênero de “história de tribunal” para na verdade contar a trama de acertos de contas afetivo entre um pai e um filho. A narrativa nos mostra a história de um advogado de sucesso (Downey Jr) que retorna à sua cidade natal para o enterro de sua mãe e se vê envolvido na defesa do pai, um juiz muito tradicional do lugar, numa investigação de homicídio. Mas, concomitante ao feito, ainda tem que reconstruir essa relação paterna, abalada por mais de vinte anos.
Dirigido por Hank Palmer, O Juíz é uma tentativa de se fazer relevante, dentro da ambição por prêmios. Isso fica bem claro ao percebermos uma espécie de esquizofrenia temática quando, na forma, quer ser um filme de gênero, e na execução prática se desenvolve como um drama familiar. Esses parâmetros narrativos não se convergem e o filme vai ficando cada vez mais arrastado. Outro sintoma dessa pretensão é o elenco, que o roteiro procura enaltecer em ápices para Oscar. Nesse ponto, o longa é assertivo: todos estão muito bem. Downey volta a demonstrar que não é só um molde de carisma cênico. Vera Farmiga e Billy Bob Thornton estão completamente desperdiçados. E Robert Duvall brilha ao agregar dignidade a seu papel, tão problemático. No final das contas, O Juiz se pretende tanto que resulta frio e com a banalidade de um folhetim rasteiro. Muito pela inabilidade do diretor – de Penetras Bons de Bico – em fazer de seu filme um veredito humanos de seus próprios termos.
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