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Crítica: "O Mensageiro" e a contundência do "baseado em fatos reais"

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Instrumento de preservação e interesses institucionais dos Estados Unidos da América, a CIA, um centro de inteligência avançada, já agrega em si um abismo muito particular que diz muito sobre a nação independente do presidente ou partido que esteja no poder. Suas orientações políticas e de juízo de valor próprio, foram responsáveis por grandes desarticulações no cenário geopolítico mundial, fato esse que mais expunha os paradoxos da instituição, do que apenas seus efeitos externos.
Em 2010, Doug Liman já tinha entregue um filmaço chamado Jogo do Poder, onde ia fundo na investigação de um episódio real muito polêmico para a organização: a agente secreta Valerie Plame tem a identidade revelada como retaliação por seu marido ter escrito um editorial no jornal acusando o governo George W. Bush de manipular informações sobre armas no Iraque.
Agora com O Mensageiro (tradução rasteira para o pertinente “Kill The Messenger” original), a CIA mais uma vez é desestabilizada através da trama (baseada em fatos realíssimos) que destruiu a carreira e vida do jornalista Gary Webb. Em 1996, Webb, um jornalista de um jornal pequeno da Califórnia, investigou a fundo o envolvimento da agência – na época do governo Reagan – em armar insurgentes da Nicarágua, importando drogas para o país, com o discurso de acabar com o comunismo.
Kill-The-Messenger-1

O jogo de intrigas que essa reportagem suscita envolve e confunde as esferas políticas e pessoais do jornalista (interpretado brilhantemente por Jeremy Renner) diante do país, uma vez que a CIA investe numa campanha de descrédito, para desestabilizar a denúncia. O que de certa forma, dá certo. Webb nunca mais exerceu o ofício e oito anos depois suicidou-se. Mesmo que logo depois, a CIA tenha admitido publicamente o envolvimento no caso. É compreensível que acusem o filme de excessiva vitimização do jornalista. Mas os fatos levam a isso, mesmo numa abordagem menos tendenciosa.
Trata-se de um embate entre um indivíduo e a instituição de seu próprio país. Fora as questões éticas de seu ofício, colocadas à prova. O Mensageiro, marca a estreia na direção de Michael Cuesta (com a experiência em tensões dramáticas e políticas em episódios da ótima série de TV Homeland), e o mesmo imprime uma pungência factual no roteiro que tem em mãos, mesmo quase se deixando levar desnecessariamente para algum sentimentalismo. Porém, chega a ser perturbador a medida que o fato incidiu sobre aquela vida. Inclusive para refletir como mais do que o papel de um jornalista, como a imposição de uma instituição pode ser nociva.

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