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“De Pernas pro Ar 2” e o perigoso sucesso da acomodação

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Fenômeno de bilheteria do ano que se incia, chegando a fazer cerca de 1 milhão de espectadores por semana (!!!), De Pernas pro Ar 2 é a síntese do que vem funcionando – em termos de resultado prático – nos cinemas brasileiros: comédias rasteiras. A explosão disso se deu nos sucessos acachapantes de Se Eu Fosse Você 1 e 2 e vem crescendo a ponto de a cada 15 dias uma comédia brasuca estar programada para estrear, a maioria, com notável retorno financeiro. Claro que, com os mais de 3 milhões acumulados com o primeiro filme, uma sequência seria providenciada. E com o sucesso ainda maior deste, uma terceira parte já está programada para em breve.

Falando em sucesso, com a boa repercussão de seu sex shop, Alice (Ingrid Guimarães, cada vez mais a vontade) é afastada por ordem médica devido a seu excesso de trabalho, justo na semana em que ela e sua sócia, Marcela (Maria Paula), estão para fechar um contrato de abertura de sua primeira loja em Nova York. Alice, então, convence sua família a viajar para o mesmo lugar, com o argumento de que vai tirar férias e se desligar do trabalho. No entanto, apenas programou a viagem para que pudesse acertar sua negociação. Como era de se esperar, muitas confusões surgirão em cenas filmadas diretamente da Big Apple.

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Dirigido mais uma vez por Roberto Santucci (que antes cometeu o tenebroso Até Que a Sorte Nos Separe), a comédia comete um erro básico logo na sinopse: não sequencia sua história, sendo praticamente a mesma “trama” que o primeiro. A fórmula do primeiro filme foi ampliada e, de certa forma, até melhorada em alguns aspectos. Não se pode negar que é eficiente em promover gargalhadas em alguns momentos; porém falta fôlego a essa fórmula caindo tudo no previsível e num final preguiçoso e rasteiro.

Há até uma curiosidade: na busca por criar um roteiro que desenvolva a história principal de forma sequencial, criou-se um spa – para onde a protagonista se interna para “desintoxar” de  trabalho – onde está reunido os principais destaques do humor televisivo que até dão um frescor a previsibilidade (Tatá Werneck, Luís Miranda e Alice Borges são os destaques), mas funciona quase como uma esquete dentro de todo o contexto da história.

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De Pernas pro Ar 2 faz dinheiro dentro da acomodação de um gênero e, principalmente, do que estão entendendo como mercado. Mas assim como aconteceu com outros fenômenos do cinema nacional, a falta de substancialidade só tende a cansar e o mercado comprovar que sua resposta ao oportunismo do cinema é passar longe da bilheteria… Lamentavelmente.

[xrr rating=2.5/5]

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