Cultura colaborativa! Participe, publique e ganhe pelo seu conteúdo!

Depois de Ser Cinza: uma jornada com muitas coadjuvantes

Depois de ser cinza: uma jornada com muitas coadjuvantes – ambrosia

Ao longo de uma vida inteira, conhecemos pessoas. Algumas passam fugazmente por nós, sem deixar vestígios em nós. Outras pessoas se demoram, e há também aquelas passagens avassaladoras, rápidas mas de um significado imenso. Muitas mulheres passam pela vida de um homem, iniciando ou não um caso amoroso com ele, e é possível contar a história de um homem através das mulheres que ele teve. Isso já foi feito antes no cinema, e volta a ser feito neste sensível filme rodado entre Brasil e Croácia.

Depois de Ser Cinza narra as histórias de três mulheres cujos caminhos se cruzam com os do antropólogo Raul (João Campos). Suzy (Branca Messina) é a melhor amiga de Raul, por quem ele é apaixonado. Manuela (Silvia Lourenço) é a terapeuta com quem Raul passa a se consultar por causa de ataques de pânico. A artista Isabel (Elisa Volpatto) é a mulher com quem Raul cruza em sua viagem para a Croácia.

Suzy quer terminar uma tese que o pai, com quem ela divide a profissão de antropóloga, deixou incompleta. Para isso ela vai para o Pará, deixando Raul inconsolável, se sentindo abandonado. Manuela vê as fronteiras do relacionamento entre paciente e terapeuta se apagando com Raul, enquanto precisa navegar por seus próprios problemas, como o fato de sua irmã ser casada com um ex dela. Isabel foi para a Croácia seguindo uma paixão, mas o romance não foi para frente e agora ela se sente perdida em um país desconhecido, sem contudo ter vontade de voltar para o Brasil. E por que Raul foi para a Croácia? Isso só descobriremos ao final do filme.

A narrativa é não-linear, com o filme saltando de uma história para outra conforme elas atingem pequenos clímaxes – bem ao estilo de D.W. Griffith. Assim como acontecia nos filmes do pioneiro estadunidense, em Depois de Ser Cinza, conforme a projeção avança, as sequências vão ficando menores e as edições mais constantes e céleres. É uma fórmula de sucesso garantida há mais de cem anos, deixando o espectador com o coração na mão a cada novo corte.

A estratégia de contar a vida de um homem a partir das mulheres que fazem parte dela não é recente. Tome por exemplo a rara comédia de Ingmar Bergman “Para Não Falar de Todas Essas Mulheres”, de 1964. A fórmula continua a ser aplicada nos nossos tempos, como mostra o recente ” O Colibri’, da diretora italiana Francesca Archibugi. O avesso da fórmula – a vida de uma mulher contada a partir dos homens que ela teve – já é mais rara no cinema, e, talvez por isso e pela subversão da temática, mais interessante.

O diretor Eduardo Wannmacher definiu Depois de Ser Cinza como “um filme sobre os movimentos que fazemos ao longo da vida”. Ele conta também que gestou o projeto por mais de 15 anos, ao lado do roteirista Leo Garcia, que se inspirou em uma viagem feita por ele mesmo para escrever a saga de Raul e Isabel na Croácia. Wannmacher vai mais além e diz que a própria Croácia se tornou um personagem do filme.

Depois de ser cinza: uma jornada com muitas coadjuvantes – ambrosia
Depois de ser cinza: uma jornada com muitas coadjuvantes

Elisa Volpatto precisa falar croata em diversas cenas, sem dúvida um desafio. Falado na Croácia e também em países vizinhos, o idioma croata, uma língua eslava, é parente do sérvio, e tem todas aquelas letras estranhas para nós, falantes de línguas latinas, como o C, o S e o Z acentuados. Assim como aconteceu com Branca e Silvia, Elisa Volpatto teve liberdade para criar a personagem e improvisar em suas cenas, o que torna seu feito de atuar em outra língua ainda mais impressionante.

Com um elenco afinado, Depois de Ser Cinza inspira e emociona. Uma viagem cinematográfica, daquelas que são uma delícia de acompanhar, ainda mais se for na tela grande, o filme é, em mais de uma categoria, um grande acerto.

Depois de Ser Cinza

Depois de Ser Cinza
8 10 0 1
Nota: Excelente 8/10 estrelas
Nota: Excelente 8/10 estrelas
8/10
Total Score iExcelente
Compartilhar Publicação
Link para Compartilhar
Publicação Anterior

Zack Snyder quer Sucker Punch versão do diretor

Próxima publicação

Valmon agita a Lapa com o show “Discografia”

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Leia a seguir
Ambrosia Receba as novidades em primeira mão!
Dismiss
Permitir notificações