Documentário de Sebastião Salgado premiado em Cannes abre o Festival do Rio

Documentário de Sebastião Salgado premiado em Cannes abre o Festival do Rio – Ambrosia
salgado-genesis
sebastiao-salgado_serra-pelada
salgado_Exodos
Instituto Terra

O documentário O Sal da Terra, premiado no Festival Internacional de Cannes de 2014, abre hoje o Festival do Rio. O filme, aplaudido de pé por cinco minutos pela plateia em Cannes e ganhador do prêmio do júri, conta as histórias por trás das fotos mais representativas dentro do trabalho do consagrado fotógrafo mineiro Sebastião Salgado.

Com direção de Juliano Salgado (filho mais velho do fotógrafo) e do alemão Wim Wenders, o documentário de 110 minutos prende a atenção do público pela força das suas histórias e a beleza sombria e dolorosa de cada uma de suas imagens.

De forma cronológica, os dois diretores seguem e retratam (cada um com um olhar peculiar) algumas das grandes viagens de Salgado pelo mundo. Alguns dos seus livros mais famosos, como Serra Pelada, Outras Américas, África, Êxodos, Trabalhadores, Terra e Gênesis, apresentam o material conseguido pelo fotógrafo durante estas viagens.

A narrativa começa com relatos e imagens impressionantes sobre o garimpo de ouro em Serra Pelada, no Pará, em uma das viagens realizada nos anos 80. “Era como se eu estivesse vendo toda a história da humanidade, a construção das pirâmides do Egito, a Torre de Babel, os Jardins Suspensos da Babilônia…”, conta o fotógrafo.

Uma das partes mais emocionantes do filme revela os bastidores do projeto Êxodos. Salgado passou seis anos em países da África como Ruanda, Uganda e Mali capturando cenas perturbadoras e comoventes de famílias inteiras que abandonaram a sua terra natal por vontade própria fugindo de uma vida de pobreza, repressão ou de cenários de guerra. Muitas delas, infelizmente, não chegaram a lugar nenhum.

Salgado revela que presenciou ali tanta miséria, fome e mortes que acabou perdendo a fé na humanidade. “Minha alma ficou doente”, disse ele. A crise depressiva só passou quando sua esposa Lélia o encorajou a iniciar uma nova missão: replantar a mata nativa ao redor da fazenda da família em Aimorés, em Minas Gerais. Quando ele nasceu, o lugar era um paraíso. Possuía mais de 50% de Mata Atlântica, com uma imensa diversidade de animais e plantas. Quando retornou ao país, depois de anos no exterior, a fazenda não passava de uma terra seca, sem vida e ameaçada pela erosão. Depois de dez longos anos de muito trabalho e perseverança, a terra morta volta a florescer.

A fazenda da família Salgado se tornou um parque nacional e hoje é conhecida como Instituto Terra, uma organização sem fins lucrativos localizada na região do Vale do Rio Doce, entre os estados de Minas Gerais e Espírito Santo, com uma área total de mais de 700 mil hectares.
Assistindo ao documentário O Sal da Terra temos a certeza de que ele servirá de referência para estudantes e profissionais de Fotografia, História e Jornalismo, entre outras áreas humanas.
Confesso que ao longo da exibição senti várias sensações e emoções que ainda levarão alguns dias para serem totalmente absorvidas. Na maior parte do tempo, era como se eu levasse vários socos na “boca do estômago”, mas ao final consegui sair do cinema ainda com esperança em um futuro melhor.

Total
0
Links
Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Ant
Apelo à vista: Sebastião Salgado, mais ou menos em silêncio
Apelo à vista: Sebastião Salgado, mais ou menos em silêncio – Ambrosia

Apelo à vista: Sebastião Salgado, mais ou menos em silêncio

No Programa Roda Viva | 16/09/2013   No Programa Espaço Público (02/09/2014),

Prox
"Maze Runner: Correr ou Morrer" e a habilidade de ser frenético
"Maze Runner: Correr ou Morrer" e a habilidade de ser frenético – Ambrosia

"Maze Runner: Correr ou Morrer" e a habilidade de ser frenético

Até o fim do ano vão ter estreado quatro filmes sobre o universo distópico nos

Sugestões para você: