“Elena” amplia para o espectador a nocividade dos anseios

Mais do que a perda, o suicídio é algo que nos intriga. E quando a isso se alia a nossa memória afetiva a resignação pode ser perturbadora. A diretora Petra Costa revive memórias viscerais de sua irmã, Elena Costa, que cometeu suicídio na década de 80 em New York, no tocante “ELENA”. O documentário é angustiante. Elena é exposta em suas vulnerabilidades e acompanhamos sua escalada de depressão que acabou culminando em sua morte.
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Acompanhamos Petra refazendo os passos da irmã mais velha, que saiu do Brasil rumo a cidade americana para seguir a carreira de atriz de cinema. Esse também era o desejo da mãe de ambas, nunca posto em prática. Ela e o marido enfrentaram a ditadura militar brasileira e foram salvos, involuntariamente, por Elena (na época ainda na barriga da mãe que estava com seis meses) o que impediu o casal de encontrar a morte certa no combate com os militares na guerrilha do Araguaia. Imagens de arquivo da família, dos tempos em que Petra era apenas um bebê e Elena uma adolescente, se mesclam a filmagens feitas em New York pela diretora, reconstruindo os caminhos da irmã e dela mesma, quando foi morar na cidade.
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Petra evitou o distanciamento, até um pouco demais já que no fim acaba por se exceder na metaforização dessa pessoalidade. Seu olhar sobre a derrocada tem a propriedade de irmã mais nova e a sua busca por compreensão é dolorosamente legítima. Como forma de universalizar sua cicatriz, optou pelo lirismo, que dá ao filme uma melancolia menos dura. Mas seu principal êxito é nos mostrar que o que justifica a vida são os anseios. Elena se foi ao confrontar os seus. Saí do cinema relativizando os meus e entendendo a seriedade de nossos mundos particulares…

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