Em 2021, a Disney lançou duas animações baseadas em histórias originais, o que não fazia desde Moana – Um Mar de Aventuras, de 2016. A primeira foi Raya e o último dragão, uma aventura que misturou o moderno com o tradicional, mas sem um número musical sequer, e mais recentemente, Encanto.
Encanto foi gerado na época da estreia de Moana, quando o compositor Lin-Manuel Miranda, que colaborou com as canções da animação de 2016, revelava que ia se encarregar de escrever músicas de um projeto que naquela época estava em um estágio inicial de desenvolvimento. Após cinco anos, a animação estreou e analisaremos a mesma a seguir.
A narrativa de Encanto é mais interessante, pois apresenta a família Madrigal, na qual todos os seus membros possuem uma habilidade incrível com a qual ajudam a tornar a vida da sua cidade melhor. Bem, todos, exceto Mirabel, que por acaso é quem descobre que os poderes de sua família estão em perigo. A partir daí se inicia a dinâmica da animação.
Encanto começa fazendo todas as apresentações através de um número musical vibrante que estabelece as bases para tudo o que virá depois. E é uma das primeiras coisas que vêm à mente: o retorno da Disney às suas raízes. Especificamente em seu aspecto musical. O filme é um bom regresso àquelas canções e momentos musicais que marcaram tantas gerações. O exemplo mais claro é essa introdução de Maribel, que é, graças a sua música, uma das melhores cenas do filme e um ponto de partida perfeito para a história.
Família
Com base nessa família abençoada por magia e o caso de Maribel não ter poderes. O filme nos fala sobre os laços familiares e como as relações entre entes queridos podem ser difíceis. Maribel é a diferente da família, uma espécie de ovelha negra. Ela não tem nada que a torne especial. Essa falta de dom torna a relação entre Maribel e Alma, neta e avó, um dos pontos fortes de Encanto. As diferentes maneiras pelas quais podemos nos machucar entre os membros da família estão presentes nessa relação. É também a maneira como Alma domina sua família por medo de perder o milagre que lhe foi concedido anos atrás.
No final, Maribel acaba nos mostrando que, sem a necessidade de presentes especiais, nós mesmos somos especiais.
Tom e desenvolvimento imperfeito
Apesar de seus sucessos, Encanto sofre de um desenvolvimento fraco com alguns personagens e pontos da trama. Embora os momentos musicais nos apresentem com maior profundidade à família Madrigal, existem alguns personagens que não são investigados tanto quanto se poderia. Vários desses familiares recebem fins às pressas ou sem a importância que merecem, como é o caso de Bruno, tio de Maribel.
Além disso, o tom do filme, principalmente na parte central do filme, sofre com um humor que nem sempre se encaixa muito bem. Mesmo assim, nos momentos importantes do Encanto, as emoções fluem e a história, apesar de não se desenrolar perfeitamente, consegue conceber um bom final. Um desfecho que traz à tona a relação neta-avó e serve para aprofundar a importância das relações familiares, que é a abordagem central do filme.
Encanto é o 60º filme do estúdio, entra no incrível catálogo de animação do estúdio. Sua música e sua animação colorida são os pontos fortes de uma bela história sobre os laços familiares e os danos que podem envolver entes queridos, apesar dos problemas mencionados.
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