O diretor indiano Tarsem Singh, do excêntrico A Cela, é marcado por suas obras notadamente visuais, que imprimem beleza estética e certa dramaticidade aos filmes. O problema é que, geralmente, quem é marcado pela beleza plástica de uma obra, acaba por não conseguir equilibrar o mesmo preciosismo na consistência das demais estruturas de um filme. E Imortais só intensifica o clichê.
A trama acompanha a busca do rei Hypérion (Mickey Rouke) pelo poderoso Arco de Épiro, capaz de libertar do calabouço os Titãs, trancafiados após a grande batalha que perderam contra os deuses. Cruel, Hypérion elimina todos que atravessam seu caminho, inclusive a mãe de Teseu (Henry Cavill), um jovem de coração puro e valente, treinado por Zeus em sua forma humana, sem que soubesse, e ironicamente descrente na existência dos Deuses. Motivado pela vingança, Teseu lidera o exército de humanos contra o demoníaco Rei.
O filme é um equívoco sem fim. Dentro de seu carnaval mitológico, sobram furos no roteiro, atuações inexpressivas e uma inconsistente busca épica para dar propriedade metafórica a uma trama sem estofo.
Ainda que tecnicamente seja um deslumbre (disso o diretor entende!), é visível que o desenvolvimento da história não se sustenta na alegoria armada por Tarsem, fora que a duração excessiva só faz diluir o (único) ponto alto do filme: sua destacada direção de arte. Tanto que, na última cena do filme, uma cena belíssima, acaba deslocada de todo o equívoco até ali.
Muito comparado com 300, o resultado final desse filme torna a superprodução de Zack Snyder quase uma obra-prima.
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