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Festival do Rio 2025 – “Kokuho – o Mestre Kabuki” trata das relações humanas através de um recorte da arte oriental

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São bastante raros os filmes ambientados no universo do kabuki, bem diferente de outras tradições japonesas como os samurais e as gueixas. Sim, tivemos “The Written Face” (1995), de Daniel Schmid, e “The Maid of Dojoji Temple” (2004), de Yukiko Takayama, que conseguiram fazê-lo ao escalar onnagata reais — atores especializados em interpretar papéis femininos no kabuki, que é inteiramente formado por homens. Agora temos “Kokuho – o Mestre Kabuki”, do diretor Lee Sang-il. Baseado no romance em duas partes de Shuichi Yoshida, o longa transporta o espectador ao Japão dos anos 1960, em uma jornada marcada por dor, ambição e arte. Em Nagasaki, 1964, o jovem Kikuo Tachibana, de apenas 14 anos, vê seu mundo desmoronar após o assassinato do pai, um temido chefe da yakuza. Sem rumo e em busca de redenção, ele é acolhido por Hanjiro Hanai, um célebre ator de Kabuki, que o introduz a um universo de disciplina, beleza e tradição.

Ao lado de Shunsuke, o filho legítimo de Hanjiro, Kikuo mergulha de corpo e alma na antiga arte teatral japonesa. Unidos pela paixão pelo palco, mas divididos por rivalidades silenciosas, os dois jovens crescem entre os bastidores e as luzes, enfrentando os sacrifícios que a perfeição exige. A devoção ao Kabuki os transforma — e também os separa.

Com o passar das décadas, Kikuo e Shunsuke tornam-se ícones de uma geração, protagonistas de escândalos, glórias e traições que refletem o próprio declínio e renascimento da arte que os moldou. Entre o amor à tradição e o desejo de superação, apenas um deles alcançará o título máximo: o de mestre supremo do Kabuki, guardião vivo de uma herança milenar.

Misturando drama histórico e intensidade emocional, o filme é um retrato sensível sobre a relação entre mestre e discípulo, sangue e arte, ambição e lealdade — um épico sobre o preço da imortalidade artística.

O filme foi produzido com consultoria do astro do kabuki Nakamura Ganjiro IV, e dá uma visão bastante didática para quem não é especialista, sem ser explicativo demais. Apenas as peças ganham uma breve explanação em legenda para o público ocidental que não as conhece. Os protagonistas Ryo Yoshizawa e Ryusei Yokohama – que não são artistas da modalidade de apresentação, ao contrário dos que estrelaram os longas anteriormente citados – passaram por um intenso treinamento, justamente para oferecer atuações de palco bastante convincentes que, captadas pela câmera fluida e insinuante adornada pela opulenta fotografia de Sofian El Fani, soam ao mesmo tempo convincentes como kabuki e intensas como drama.

O roteiro assinado por Satoko Okudera é meticuloso, abordando até pequenos detalhes como a forma com que os artistas aplicam a maquiagem pode se tornar exaltado e até violento em alguns momentos. A sequência do assassinato de um chefe da yakuza em Nagasaki (Masatoshi Nagase) por uma gangue rival, sob o olhar do filho adolescente Kikuo (Soya Kurokawa) é impactante.

Os atores se saem muito bem na fase adulta, transmitindo adequadamente a irmandade entre artistas que compartilham, algo incompreensível para o mundo exterior quando Kikuo e Shunsuke causam sensação ao interpretar juntas as personagens femininas na dança kabuki Futari Fuji Musume (“Duas Donzelas da Glicínia”). Kikuo, com seu charme de ídolo pop e sua paixão ardente pelo kabuki, brilha ainda mais. Mesmo assim, a amizade entre os dois permanece sólida. Vale ressaltar o quanto Ken Watanabe valoriza o show interpretando o severo líder de uma trupe local de kabuki.

“Kokuho – o Mestre Kabuki” é um deslumbre visual, sem o menor receio de se revestir como um épico, com suas quase 3 horas de duração (2h54 para ser mais preciso). O cineasta propõe um mergulho na arte oriental através de um recorte peculiar, para tratar da complexidade das relações humanas sob a ótica do espetáculo.

Kokuho - o Mestre Kabuki

Kokuho - o Mestre Kabuki
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Nota: 8/10 - Excelente
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