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Festival do Rio: “Lope” é um épico de DNA brasileiro

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Programado para encerrar o Festival do Rio 2010, o filme Lope de Andrucha Waddington tem muito a ver com a representatividade do próprio Festival. Lope é uma superprodução multinacional (tem grana daqui, da Espanha e de outros países) que, assim como o Festival do Rio, comprova a penetração do país na cinematografia mundial.

O filme privilegia o período da vida do poeta e dramaturgo Félix Lope de Vega (1562-1635), em fins do século XVI, em que ele retorna da guerra e tentar ganhar a vida escrevendo comédias em Madri, que vivia a efervescência teatral nas rodas sociais. Boêmio e romântico, Lope acaba enredado em intrigas ao se envolver com a filha do dono do teatro para o qual consegue escrever.

Waddington, que vinha de filmes de forte carga dramática como o belo Casa de Areia, mostra muita competência ao manejar os códigos técnicos dos grandes épicos americanos, na qual o filme se ancora, auxiliado por uma fotografia exuberante e trilha catártica. Diria que na forma busca essa referências, mas no conceito é claramente influênciado pela literatura européia, indo de Moliére a Shakespeare.

O ator espanhol Alberto Ammann – presente na Sessão de Gala a qual assisti, assim como sua parceira de cena, a também espanhola Pilar López de Ayala –, tem o carisma preciso para o papel, que oscila entre a densidade e o humor, perfeitamente. Sônia Braga, notadamente envelhecida, tem participação ligeira e Selton Melo vive um marquês aristocrata com a correção de sempre (de sempre, mesmo!).

Se na razão, ou seja, na técnica, o diretor é eficaz, saindo-se bem na complexidade de uma superprodução desse porte; na emoção, ou melhor, na implementação estético-narrativa, Andrucha mostra-se tímido, apenas cumprindo a cartilha do gênero. Seria o brilho da criatura ascendendo sobre o criador?

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