A expectativa para a exibição de O Filho Eterno na Première Brasil do Festival do Rio 2016 era latente até na entrada do tradicional Cine Roxy, local onde a mostra está sendo exibida esse ano, bem no meio do bairro de Copacabana. O burburinho prévio foi o mais expressivo de todos os filmes até o momento. Inclusive desse que vos escreve.
O livro da qual o filme origina-se, do escritor Cristóvão Tezza, muito premiado por sinal, é um verdadeiro soco no estômago ao ser uma espécie de consciência de um pai que acaba de ter seu primeiro filho e descobre que ele nasceu com síndrome de Down. A humanidade de sua reação inicial de aversão ao filho, é de um impacto dramático fortíssimo.
O filme – com a curiosa escalação do ator e humorista Marcos Veras, em seu primeiro papel dramático no cinema – não dá conta de tamanha complexidade. O casal Roberto (Veras) e Cláudia (Débora Falabella) aguardam ansiosamente pela chegada de seu primeiro bebê. Roberto, que é escritor, vê a chegada do filho com esperança e como um ponto de partida para uma mudança completa de vida. Mas toda a áurea de alegria dos pais é transformada em incerteza e medo com a descoberta de que Fabrício, o bebê, vai nascer com Síndrome de Down. A insatisfação e a vergonha tomam conta de do pai, que terá de enfrentar muitos desafios para encontrar o verdadeiro significado da paternidade.
Não é o caso aqui de ficar mensurando diferenças entre livro e filme, mas o diretor Paulo Machline procurou uma representação muito superficial da trama, pouco aprofundando a controvérsia emocional desse pai. É o tipo de história que precisa de consistência dramática para respaldar seu alcance humano, mas o resultado é muito simplificador diante de suas possibilidades.
Ainda assim, dada a sua natureza, o filme tem seus bons momentos e consegue emocionar nos fiapos de sensibilidade que essa relação paterna vislumbra. Mas a sensação de que poderia ter um alcance muito mais profundo fica muito clara ao (abrupto) final da sessão.
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