Festival do Rio – Première Brasil: O hermetismo de “Periscópio” depõe contra sua aparente proposta

O diretor Kiko Goifman gosta do provocar através da estética de seus filmes. Em 2008, gerou grandes debates acerca de seu polêmico “Filmefobia”, que ganhou o prêmio de melhor filme no – claro – Festival de Brasília. Agora, no Festival do Rio 2013, ele apresenta “Periscópio”, não tão radical quanto o anterior, mas igualmente provocador e de discurso experimental.
Élvio (João Miguel, ótimo, como de costume), Eric (o ensaísta francês Jean-Claude Bernardet), uma cabra e um peixe chamado Jack vivem juntos em uma relação solitária, dependente, destrutiva, desconfiada e repulsiva. Porém, o espaço é invadido por um olho mecânico. Esse novo elemento, modifica completamente a relação entre os dois personagens e faz com que eles despertem para uma vida com esperança.
O diretor propõe um jogo tanto entre a relação cênica dos atores, quanto com o espectador, que tenta destrinchar os signos que a história vai nos jogando. Dá para perceber que o discurso evoca parâmetros do isolamento, da personalidade individual da contemporaneidade e até da relação entre patrão e empregado. Goifman não está preocupado em explicar. Quer é jogar para o interlocutor, e o questionamento lhe interessa. O problema é que tamanho desprendimento pode resultar num distanciamento do lado de cá da tela. A percepção é relativa, mas, no fim das contas, Periscópio acaba por superestima-la demais. Ou subestima-la? Confesso que não sei. O que sei é que esse filme é de um nicho tão específico que acaba caindo no hermetismo.

[xrr rating=1.5/5]

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