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“Flores Raras” mostra a miscigenação do cinema Brasileiro e Estadunidense

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Bruno Barreto há muito tempo carecia de um roteiro como o de “Flores Raras”, escrito a quatro mãos por Matthew Chapman e Julie Sayres, baseado no livro de Carmen L. Oliveira e roteirizado inicialmente por Carolina Kotscho. O diretor precisava de mais liberdade para agir em seus filmes e aparentemente esta liberdade fez bem ao desenvolvimento do belo Flores Raras.

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Contando a história do relacionamento amoroso entre a poetisa e escritora estadunidense Elizabeth Bishop (Miranda Otto, a eterna Eowyn de Senhor dos Anéis) e a arquiteta e paisagista Lota, apelido de Maria Carlota Costallat de Macedo Soares (Gloria Pires), entre os anos de 1951 e 1967, quando as duas se conheceram no Brasil através de uma amiga em comum.

O relacionamento das duas nasce quase que naturalmente e tenta mostrar a personalidade das duas mulheres e de sua companheira e amiga, Mary (Tracy Middendorf) e como uma acabou atraindo a outra, em um momento um tanto quanto conturbado nas relações político-sociais do Brasil. Contar a história do filme é com certeza estragar as surpresas e diversões que encontramos no mesmo. Melhor tratar de tópicos mais alheios a história em si e mais ao aspecto técnico e de interpretação.

Com bela fotografia de Mauro Pinheiro Jr. e figurinos caprichados de Marcelo Pies, o filme se passa no período prévio a Ditadura Militar tomar o poder em 1964 e a caracterização do ator Marcello Airoldi como Carlos Lacerda é assustadoramente perfeita. A atuação do trio principal derrapa em alguns momentos, talvez por problemas no roteiro e na edição, tirando um pouco da fluidez do filmes, especialmente no primeiro terço da película, quando se dá a construção da relação entre estas três mulheres.

flores miranda gloria

Ainda assim, derrapadas a parte, vemos que a miscigenação do cinema brasileiro e americano ficou muito bem demonstrada, pelo roteiro forte em suas temáticas e pelas interpretações pontuais de suas protagonistas. Entretanto, o foco do filme dança em um grande salão de bailes, seja o relacionamento homossexual entre Elizabeth e Lota, seja a vida de Lota com Mary antes de Elizabeth chegar e alguns outros temas que enfraquecem com a direção errática de Bruno Barreto, que mesmo com a total liberdade que teve, ficou preso a temas que, para todos os efeitos, venderiam melhor o filme, sem se dar o direito de entrar em méritos e temas mais polêmicos.

Ainda assim, é um dos mais belos filmes do ano e com certeza vale a pena ser conferido de perto, só não demorem demais porque do jeito que as sessões estão vazias, ele pode muito bem ficar relegado a poucas salas do país e a culpa disso é o excesso de legendas nos diálogos, em sua grande parte em inglês e ao fato de tratar de uma relação entre duas mulheres, fato que ainda gera burburinho entre alguns grupos, o que é uma pena.

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