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“Graças a Deus” propõe uma relevante reflexão sob tema delicado

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Por mais incômodo que seja, a discussão do tema abuso sexual de menores é de uma pertinência inegável. Seja em documentários – como o nauseabundo (pela intenção se for mentiroso ou pelos fatos se for verdadeiro) “Leaving Neverland”, sobre os supostos casos envolvendo Michael Jackson – ou na ficção. François Ozon blindou o estômago e colocou o dedo da ferida indelével que é a questão da pedofilia em “Graças a Deus”.

Alexandre (Melvil Poupaud) redige uma carta endereçada à Igreja Católica, revelando seu obscuro segredo: quando era criança, foi abusado sexualmente pelo padre Preynat (Bernard Verley). Os psicólogos da Igreja ao mesmo tempo que tentam ajudar, também procuram ocultar, sem sucesso, o fato de que o criminoso jamais foi afastado do cargo, e ainda por cima continua atuando com crianças.

Alexandre toma coragem e publica a sua carta, o que desencadeia a aparição de muitas outras denúncias de abuso, tendo mesmo padre como praticante. A conivência do cardeal Barbarin (François Marthouret), que sempre soube dos crimes, mas nunca tomou providências, agrava os fatos. Juntos, Alexandre, François (Denis Ménochet) e Emmanuel (Swann Arlaud) criam um grupo de apoio para pressionar a justiça por providências, a despeito de todo o poder da cúpula da Igreja.

Ozon, que também assina o roteiro, toca na delicada raiz do drama: a confiança, a vantagem de que se vale o abusador. No caso da tenra idade, a crença de que aquela é uma prova de amor faz com que a violação não seja processada como tal. A única ferida que eventualmente fica é a tristeza de ser trocado por outro menino. Melvil Poupaud, em uma singela atuação, transmite a confusão causada pela “ficha caída” e sua luta para divulgar a história e punir o culpado. Isso sem contar com os efeitos definitivos causados na vida das vítimas.

O cineasta francês promove essa reflexão com a devida contundência na abordagem, sem deixar a sensibilidade de lado. Esse equilíbrio, junto da tonalidade hierática imprimida pela fotografia de Manuel Dacosse tornam “Graças a Deus” além de um veículo de denúncia e reflexão, um relevante exercício fílmico.

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