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“Jogos Mortais: Jigsaw” não traz nada de novo para a franquia de terror

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Laura Vandervoort as "Anna" and Mandela Van Peebles as "Mitch" in JIGSAW. Photo by Brooke Palmer.
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Primeiro grande sucesso de James Wan, que mais tarde seria responsável por hits como os dois filmes da série “Invocação do Mal”, “Sobrenatural” (e sua sequência) e “Velozes e Furiosos 7” (além do vindouro filme do Aquaman), “Jogos Mortais” surpreendeu muita gente quando foi lançado em 2004, com uma trama intrincada contada com muito suspense e tensão, e ainda criou um novo ícone do cinema de terror: o criminoso John Kramer, mais conhecido como Jigsaw (sempre interpretado por Tobin Bell), que busca culpar os responsáveis por seus infortúnios através de jogos muito bem elaborados que geralmente acabam em verdadeiros banhos de sangue.

Como foi bem barato e deu um lucro absurdo, não demorou para que os produtores quisessem que novas continuações fossem feitas e, assim como outras figuras conhecidas do gênero como Jason e Freddy Krueger, Jigsaw ganhou cinco novas sequências num curtíssimo espaço de tempo. Após o lançamento de “Jogos Mortais: O Final” (2010), parecia que a franquia estava concluída, já que o próprio título parecia indicar isso. Só parecia. Assim como aconteceu com “Sexta-Feira 13”, que também teve em 1984 um desfecho na parte 4 – para ter um novo (e péssimo) começo um ano depois – a série ganha um novo capítulo com “Jogos Mortais: Jigsaw” (“Jigsaw”, 2017). O propósito é utilizar os melhores elementos das “partidas” anteriores para criar uma espécie de volta às raízes. O problema é que, mesmo com alguns bons momentos de tensão, o filme não apresenta nada inovador que agrade aos fãs mais antigos ou que crie novos admiradores.

Ambientada dez anos após a morte de Kramer, a trama mostra a investigação do detetive Halloran (Callum Keith Rennie) e de seu parceiro Keith Hunt (Clé Bennett) para descobrir quem executou uma pessoa usando os mesmos métodos do psicopata. A situação fica ainda mais complicada quando o legista Logan Nelson (Matt Passmore) e sua assistente Eleanor (Hannah Emily Anderson) concluem que o sangue encontrado no corpo é do próprio Jigsaw. Mas como ele pode ter cometido um novo crime se ele está morto há uma década?

Para piorar, um grupo de pessoas é aprisionado num local que eles não conhecem e são obrigados por Jigsaw (ou alguém que se passa por ele) a participar de um novo jogo mortífero. Halloran, Logan, Keith e Eleanor tentam descobrir a verdadeira identidade do assassino, ao mesmo tempo em que precisam impedir que o jogo termine de maneira trágica mais uma vez.

A primeira coisa que chama a atenção em “Jogos Mortais: Jigsaw” é o fato de que, sete anos depois do último filme, a franquia tem algo a mais para mostrar? A resposta é um lamentável “Não”. Quem já viu todos os filmes anteriores (e até quem pulou algumas partes) sabe exatamente o que vai acontecer na história: dilemas morais, revelações chocantes e mortes horrendas de alguns dos jogadores, além de reviravoltas inesperadas. Os diretores e irmãos, Michael Spierig e Peter Spierig (que se autointitulam “The Spierig Brothers”) tentam dar uma tensão maior e mais convincente nas cenas das tarefas que as vítimas de Jigsaw têm que cumprir em relação aos últimos capítulos. Mas nem sempre conseguem.

O único momento realmente interessante é quando dois dos participantes ficam presos num silo de grãos e peças cortantes como facões, lâminas de serra elétrica e tridentes caem bem em cima deles. Nas outras sequências, não há nada que já não tenha sido visto antes na série. Uma pena, ainda mais quando sabemos que os cineastas fizeram um trabalho bem melhor na ficção dramática “O Predestinado”, com Ethan Hawke.

O roteiro, escrito por Pete Goldfinger e Josh Stolberg, também não ajuda muito, já que se limita a reciclar elementos que funcionaram nos filmes anteriores, até mesmo as reviravoltas, dando a inevitável sensação de dèja vu. Nem as questões das vítimas do Jigsaw são inovadoras. Assim, temos o personagem que se desespera e faz de tudo para sobreviver, o outro que desdenha das ordens do seu captor (e paga por isso, claro), aquele que parece ser acima de qualquer suspeita, mas guarda um terrível segredo, e por aí vai. Mas o maior pecado que os roteiristas cometem é tornar a solução do principal mistério da trama bastante limitada de suspeitos e a revelação final mais parece ter saído do desenho do Scooby-Doo, de tão simples. Pouco para quem tinha a missão de trazer de volta um dos maiores ícones do cinema de terror dos últimos anos.

Outro fator negativo está em seu elenco. Embora seja sempre bom ver ou ouvir Tobin Bell como Jigsaw, fica difícil acompanhar atores tão fracos como Callum Keith Rennie, que está muito canastrão como Halloran. Matt Passmore tem uma interpretação rasa como Logan e não convence quando precisa mostrar algo mais problemático de seu personagem, assim como Clé Bennett, que não foge dos clichês do papel de parceiro do policial protagonista. Já Hannah Emily Anderson tenta deixar sua Eleanor ambígua, mas não é bem sucedida. Quanto aos jogadores interpretados por Laura Vandervoort (a Supergirl de “Smallville”), Mandela Van Peebles, Paul Braunstein, Brittany Allen e Josiah Black, a verdade é que nenhum deles faz nada do que era esperado por eles. Não estão bem, mas também não estão ruins. Apenas funcionais.

No fim das contas, “Jogos Mortais: Jigsaw” serve apenas para quem é fã ardoroso da franquia e estava louco para ver mais um episódio da série sem se importar com as falhas e as repetições. Quem procurar ver algo mais instigante, talvez seja melhor rever os filmes anteriores (especialmente os três primeiros). Provavelmente essa não deve ser a última vez que John Kramer (ou um de seus discípulos) volte a criar novos jogos. Mas que eles sejam bem melhores e atraentes para se acompanhar no escurinho do cinema.

Filme: Jogos Mortais: Jigsaw
Direção: The Spierig Brothers
Elenco: Tobin Bell, Matt Passmore, Callum Keith Rennie
Gênero: Suspense/Terror
País: Estados Unidos
Ano de produção: 2017
Distribuidora: Paris Filmes
Duração: 1h32
Classificação: 18 anos

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