Que o cinema brasileiro trata a comédia com a banalidade esquemática dos humorísticos mofados na TV, como A Praça é Nossa já é mais do que sabido. Portanto, quando um filme do gênero consegue desenvolver-se (ainda que não perfeitamente) dentro de sua história e não em cartilha de esquetes, devemos louvar como um paradigma e não uma reles exceção.
“Mato Sem Cachorro” vai por aí. A descolada Zoé (Leandra Leal, cada vez mais firmando-se como a musa do cinema nacional) cansa do acomodado Deco (Bruno Gagliasso) e a relação de dois anos do casal acaba. Deco perde a namorada e, consequentemente, o cachorro. Zoé decide dar uma chance para o antigo namorado Fernando (Enrique Diaz), um empresário do ramo animal. Incentivado pelo seu primo, Leléo (Danilo Gentili, hilário), Deco tem a ideia de sequestrar Guto, o cão. O animal acaba por se tornar o estopim de uma provável reconciliação, não sem antes Deco provocar muita confusão.
O diretor novato Pedro Amorim demonstra destreza ao aliar um romantismo pop e debochado à sua comédia, recheado de referências espertas e uma amoralidade que funciona no contexto de si mesmo. Incomoda a desnecessária interminável duração e o excesso de personagens que, mesmo se resolvendo, não fariam a menor falta a fluidez da trama central.
É um filme que jorra clichês e faz disso um meio para que seu humor se estabeleça em diálogos sacanas e personificações caricaturais facilmente assimiladas. Com ingredientes certeiros e uma preocupação em fazer um filme de gênero ao menos azeitado, Amorim acerta no intuito de entreter sem esquecer que o seu ofício é o de fazer cinema, e não uma esquete ruim de stand up de teatro (da Barra da Tijuca) filmado.
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