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"A Menina Que Roubava Livros" é simplesmente impecável

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Poucos eventos da história foram tão repetidos cinematograficamente quanto a Segunda Guerra Mundial. Hitler e companhia causaram um enorme impacto tanto na história quanto no âmago daqueles que foram afetados direta ou indiretamente pelo ocorrido. Mas, já foram feitos inúmeros filmes contando essa história de diferentes ângulos, todos sabemos o que acontece. O que pouco ou nada sabemos é como a vida dos alemães que estavam de certa forma distantes da guerra foram afetadas. Em “A Menina Que Roubava Livros” conhecemos mais desse outro lado de uma forma única.

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Encontramos Liesel (Sophie Nélisse) com sua mãe e irmão em um trem. O menino não sobrevive a viagem e é enterrado pelo caminho, onde Liesel rouba seu primeiro livro para então seguir seu destino para uma casa nova e novos pais. Hans (Geoffrey Rush), a quem Liesel deve chamar de Papa, é gentil, carinhoso e divertido. Rosa (Emily Watson), a Mama, é tempestiva, mandona e mais séria. Em seu primeiro dia na vila, Liesel é mandada para a escola e logo passa a ser motivo de chacota das demais crianças, pois ela não sabe ler nem escrever. Papa sente que algo aconteceu e ao descobrir o problema, começa a ajudá-la lendo o livro que ela roubou do coveiro. Aos poucos, Liesel pega o gosto pela leitura e em descobrir palavras novas. Seu amigo e vizinho Rudy (Nico Liersch) não entende a paixão dela pelos livros, pois seu grande sonho é ser um velocista famoso. Os anos passam e a guerra chega até eles e ambos precisam fazer parte da juventude hitlerista, o que significa participar do coral e de reuniões a noite. Numa delas, incluía uma enorme fogueira de livros, onde o Buergmeister Herman (Rainer Bock) fazia um discurso acalorado, enquanto centenas de livros queimavam. Liesel espera todos irem embora, para então roubar seu segundo livro.

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Uma noite, alguém bate a porta, é Max (Ben Schnetzer), um judeu a procura de abrigo. Hans o acode e o coloca no quarto junto com Liesel, a quem faz prometer não contar nada a ninguém. A menina fica curiosa sobre o rapaz, mas não demora muito os dois se tornam bons amigos. Só que a guerra está se tornando mais e mais intensa e os problemas começam a chegar um atrás do outro. Não há emprego, a comida está escassa, sua família corre perigo de ser descoberta e Max levado embora e os bombardeios estão cada vez mais frequentes. Em meio a tudo isso, Liesel irá demonstrar muita coragem e determinação, além de mudar a vida de todos a sua volta. 

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O ano de 2014 está apenas no início, estamos fechando o primeiro mês ainda, mas arrisco dizer que este é um dos filmes mais encantadores que será lançado. Para aqueles que leram o livro homônimo do autor Markus Zusak saibam que não há o que temer ou odiar. Graças a direção de Brian Percival e ao roteiro de Michael Petroni, temos uma fidelíssima adaptação desta grande história. Mesmo com um ritmo mais calmo, a trama possui a mesma essência narrada no livro, com a diferença de que agora estamos vendo os personagens que apenas existiam em nossa imaginação, ganharem vida própria.
Falar da Segunda Guerra Mundial, sem falar exatamente da Guerra, é complicado, mas, não impossível. Percival fez a sábia escolha em se ater somente nas causas e modificações que a guerra trazia para a vida dessas pessoas, sem mostrar grandes acontecimentos ou nazistas a torto e a direita. Por nos mantermos focados unicamente nos personagens, fica mais fácil criar empatia com eles. A estreante Sophie Nélisse que interpreta Liesel é de uma doçura e força incríveis. Ela sabe falar com os olhos e mesmo com pouca experiência fez um ótimo trabalho. Sua química com Geoffrey Rush é tão primorosa e encantadora que algumas vezes te faz esquecer que se trata de um filme, pois eles convencem muito bem como pai e filha.

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Tal qual o livro, temos como narrador a morte (que na minha cabeça sempre foi mulher, mas ok), com a diferença que ele não é tão ativo, aparecendo apenas para narrar certos momentos cruciais na trama fazendo com que o clima fique mais tenso e misterioso. Graças a ele que temos uma outra perspectiva sobre a vida de Liesel e dos demais moradores do vilarejo, pois obviamente só ele tem a visão de coisas que nós não temos. O que acarreta em um dos finais mais singelos que já vi em filmes.

Não dá para esquecer as locações belíssimas ou os cenários tão bem construídos que te levam direto para os anos da guerra, pois conforme eles passam, notar as mudanças nas fachadas, nas vestimentas e no interior da casa das pessoas é simplesmente espantoso. Por isso afirmo que “A Menina Que Roubava Livros” é impecável e tome cuidado ao sair da sala de cinema, pois com certeza roubará também o seu coração.

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