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O belo e duro "Era Uma Vez em Nova York"

Era Uma Vez em Nova York, tradução simplista para o original The Immigrant, é um filme gerido pela memória afetiva de seu diretor, o sempre notável James Gray. A história da mãe e do filme convergem na mesma saga: uma judia polonesa que imigrou para a América bem no início dos ano 20. O diretor, que roteirizou seu longa com o auxílio de Ric Menello, fez um filme sobre a gênese da ideia do quanto Nova York é um lugar onde se é engolido por suas próprias idealizações. Esse embate de mundos e afeições, muito característico da relação espacial dos imigrantes é uma constante do (bom) cinema de Gray. A história acompanha a polonesa Ewa Cybulski (Marion Cotillard, brilhante) que enfrenta o revés de ser separada da irmã, com suspeita de tuberculose, logo que chega na tão sonhada nova vida nos EUA. Acuada, pede ajuda a um cafetão (Joaquin Phoenix), com quem partilha de um triângulo amoroso com seu primo, um ilusionista vivido por Jeremy Renner.


Com uma fotografia de Darius Khondji, com ares Bressonianos – e que lembra muito o trabalho de Walter Carvalho no filme O Veneno de Madrugada, de Ruy Castro – Gray se empenhou em fazer uma crítica ao american way of life em sua gênese, e relativizada por quem melhor reflete suas contradições, os imigrantes. A cidade já se mostra ilusória e dura, num paralelo interessante com o que Ewa vive em seu dilema emocional. Talvez o excesso de densidade acabe se revelando um revés na fluência da narrativa, uma vez que tudo – da já citada fotografia às interpretações, passando pela direção de arte – é muito pesaroso, duro; o que não permite qualquer lapso de frescor, importante num equilíbrio dramático. Mas o diretor tinha dois trunfos importantes: uma atriz maravilhosa como Cotillard, que possui um trabalho de absorção cênica de seu papel que nos comove com extrema facilidade e verdade, e a paixão pela história que tem em mãos, o que refletiu no cuidado sensível com o retrato que quer mostrar. Era Uma Vez em Nova York é duro e lindo, como a realidade que vemos pelos olhos de Ewa.
nota 3

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