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"O Grande Circo Místico": mais uma vez o Brasil não chegará ao Oscar

O poema de Jorge Lima, O Grande Circo Místico, sempre foi muito melhor que suas adaptações. Até hoje só Chico Buarque e Edu Lobo, souberam captar o texto como essência dramática, assim como também o ajudaram a dar forma, num espetáculo com inspirada trilha sonora.
Cacá Diegues passou 12 anos, desde seu último filme de ficção (o irregular O Maior Amor do Mundo), até colocar nos cinemas sua adaptação ambiciosa do texto, numa superprodução filmada na Europa (dada a legislação brasileira que impede de ter animais em circo) que narra a história de cinco gerações da família Knieps, ao londo de 100 anos, basicamente sob a lona circense.
Tanto tempo não foi sinônimo de refinamento da proposta, muito menos de sua reinterpretação. Para começar o filme ressente-se o tempo todo da falta de uma suntuosidade digamos “mística” do circo que retrata. Por vezes soa quase como realista num registro surrealista. Isso já gera um atrito estético incômodo.

O roteiro tenta dar conta da gama de personagens, mas não os adensa para além de suas funções episódicas no lastro familiar subsequente, o que afeta seus personagens em geral, que pouco acrescentam como indivíduos. Jesuíta Barbosa é o único que tentar agrupar em si todas as necessidades da história, desde seu nome, um “celavi” (como a expressão francesa “C´est La Vie“), até sua onipresença etérea em todas as gerações da família.
Outro problema grave está na forma inverossímil com que os conflitos se delineiam, isso sem citar a recorrência injustificada da fetichização do corpo feminino. Se ainda contasse com algum verniz lúdico de ambientação, pelo menos diríamos que buscou dialogar com a obra literária que deu origem, mas não. Cacá estava tão apaixonado pela obra de Jorge Lima que esqueceu de colocar no seu filme algo que o poema já nasceu cheio: fundamento.

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