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“O Último Virgem” é uma (literal) comédia de erros

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Quando “O Último Virgem” (Brasil, 2016) foi anunciado, o mote dava a entender que se tratava de uma tentativa de recriar a picardia das comédias adolescentes como “Porky’s” e “American Pie” com sotaque brasileiro. E, de quebra, remeter o espectador aos (bons) tempos das pornochanchadas que traziam um saudável escracho e anarquia à nossa produção cinematográfica. Contudo, o resultado passa longe disso. O argumento, embora surrado, funcionaria se bem trabalhado. Trata-se da velha jornada do herói adolescente rumo àquele momento tão esperado: a perda da incômoda virgindade.

Dudu (Guilherme Prates) é um tímido garoto que frequenta o último ano do Ensino Médio, que não tem muita prática com garotas e ainda é virgem. Por isso, seus amigos Escova (Lipy Adler, que também corroteiriza), Borges (Éverlley Santos) e Gonzo (Christian Villegas) resolvem ajudá-lo a ter sua primeira relação sexual depois que Dudu recebe um estranho convite do colosso Débora (Fiorella Mattheis), a professora de química que é o sonho de todos os mancebos do colégio.

O filme é uma sucessão tão extensa de equívocos que fica até difícil enumerá-los. Uma literal comédia de erros, no pior sentido. O primeiro e maior de todos está na construção dos personagens. Todos, sem exceção, esculpidos em clichês. Estão ali, além do virjão, o playboy metido a pegador, o gordinho alívio cômico (porém sem a menor graça) e o descerebrado. A trama, na verdade, parece se passar em uma zona paralela onde a escala evolutiva se deu de modo inverso e a humanidade se encontra no mais agudo estágio de limitação intelectual. Não há um sinal de vida inteligente na tela durante os 82 minutos de exibição, que parecem uma eternidade.

“O Último Virgem” em mãos mais hábeis poderia até ser o nosso “Superbad”. Fica claro que a sagaz comédia teen de 2007 é a inspiração do longa, mais até do que os exemplos citados no primeiro parágrafo. Mas a falta de inspiração do roteiro de L.G. Bayão e Lipy Adler e a incipiente direção dos estreantes Rilson Baco e Felipe Bretas só conseguem produzir algo como um episódio muito ruim de “Malhação”.

As piadas são abaixo de qualquer nota e as situações, se não são previsíveis, são irritantemente inverossímeis. O protagonista não desperta nenhuma empatia. Pelo contrário, apenas aflige o espectador com tamanha imbecilidade. Seus amigos (ainda mais acéfalos) em nada ajudam para tornar a aventura mais interessante. A única que tem alguma coerência é Júlia (Bia Arantes), bff de Dudu. Em resumo, uma grande perda de tempo. Contraindicado até para o público-alvo.

Filme: O Último Virgem
Direção: Rilson Baco e Felipe Bretas
Elenco: Guilherme Prates, Fiorella Matheis, Lippy Adler
Gênero: Comédia
País: Brasil
Ano de produção: 2016
Distribuidora: Downtown Filmes
Duração: 1h 22min
Classificação: 14 anos

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