Neste episódio de (Im)Pertinências da Raquel, falo sobre o último filme de Jim Jarmusch, estrelado por Bill Murray, Adam Driver, Chloe Sevigny, Steve Buscemi, Tom Waits e tantos outros.
Apesar de bons momentos, decorrentes sobretudo por conta da maravilhosa química entre a dupla Murray e Driver e também da maestria da sempre estranha Tilda Swinton, a sátira construída por Jarmusch a partir do gênero de filmes de zumbi, estabelecido desde os anos 70 pelo genial George Romero, não consegue se sustentar bem em nenhuma das águas nas quais navega: nem enquanto comédia, nem enquanto sátira e nem enquanto mensagem de alerta socio-ambiental e crítica à nossa apática e individualista sociedade atual.
Mesmo assim, o dispositivo que o filme usa para atingir o humor funciona em vários momentos, seja através da quebra de expectativas, da repetição ou da naturalidade niilista das personagens perante o apocalipse.
Minha maiores críticas são o apelo panfletário que, entretanto, peca por não explorar bem temáticas que estão ali soltas, e o fato do filme parecer ter sido feito de maneira preguiçosa, a partir de um rascunho de 15 páginas, sem aproveitar bem o talento dos atores e a oportunidade de construir momentos de diálogos marcantes, que Jarmusch tanto sabe fazer.
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