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Oscar com vitória inédita do Brasil leva clima de Copa do Mundo ao Carnaval

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Foi uma situação atípica no último domingo (2). Um Oscar no meio do carnaval não era algo inédito. Desde 2004, quando a cerimônia, que acontecia sempre no final de março, passou a ser realizada entre o último final de semana de fevereiro e o primeiro de março, houve ocasiões que a festa da Academia de Hollywood e a folia de Momo coincidiram. A diferença é que em 2009, 2014 e 2017 não havia um filme brasileiro com chances reais de faturar uma estatueta, sendo indicado não só nas categorias de filme internacional e melhor atriz (onde já estivemos) como ao prêmio principal.

Esse último capítulo da trajetória de “Ainda Estou Aqui” na temporada de premiações fez algo realmente inédito: parar carnaval brasileiro. Seja em Salvador, Recife, nos bloquinhos de São Paulo e Minas Gerais, no desfile da Sapucaí, todos estavam de olho nos celulares e atentos aos telões instalados para transmitir a possível primeira vitória do Brasil no prêmio da Academia.

No Rio de Janeiro, os bares, que em uma noite de domingo de carnaval normal costumam estar com os televisores sintonizados nos desfiles das escolas de samba, estavam todos no canal TNT. E lotados, com pessoas vindas dos blocos ou com camisetas da seleção brasileira de futebol. O epicentro foi o Estação NET Rio, complexo de cinco salas de cinema do grupo Estação localizada no bairro de Botafogo, zona sul da cidade, onde se concentra o maior fluxo de blocos de rua.

Às 17 horas uma longa fila já se formava na calçada do cinema dedicado aos filmes de arte, misturando foliões que saíram mais cedo dos blocos para entrar no clima da festa hollywoodiana, com aqueles que tinham como programa do dia ir ao cinema garantir o melhor lugar no evento que já se sabia que seria concorrido.

Pela primeira vez o NET Rio, que costuma abrigar bolão e transmissão do Oscar para o público cinéfilo, disponibilizou as cinco salas para quem preferia assistir com mais conforto e silêncio. Já para quem estava no clima de torcida festiva, ficou assistindo pelo telão no hall, que obviamente, ficou mais cheio do que em outros anos.

Quando a cerimônia se iniciou com Ariana Grande executando ‘Somewhere Over the Rainbow’, tema do filme “O Mágico de Oz”, a plateia já estava animada, aplaudindo, até pelo fato de haver vários fãs de “Wicked” presentes. A cada menção a “Emília Pérez” uma estrondosa vaia era ouvida. A primeira categoria em que o Brasil era candidato, Melhor Filme Estrangeiro, demorou um pouco mais do que o normal para ser anunciada. Aparentemente a Academia, ciente do engajamento dos brasileiros, preferiu segurar a audiência. Quando o anúncio da vitória foi dado pela atriz espanhola Penélope Cruz, foi como um gol na final da Copa do Mundo.

Acontece que brasileiro gosta de vencer, e ainda faltavam mais duas categorias para deixar a torcida em êxtase total. Infelizmente, a atriz Fernanda Torres, que não tinha o favoritismo (sequer concorreu ao sindicato dos atores, o SAG), perdeu para Mikey Madison, de “Anora”, causando muita frustração nos cinéfilos. Ainda havia um fio de esperança para uma vitória de “Ainda Estou Aqui” em Melhor Filme, ainda que praticamente todos soubessem que seria muito difícil. E, de fato, o prêmio foi para “Anora”, vencedor do sindicato dos produtores (o PGA), que costuma apontar o vencedor na categoria principal.

No final, a plateia saiu dividida. Uns felizes com o Oscar inédito e outros decepcionados por Fernanda Torres não ter repetido no prêmio da Academia a vitória do Globo de Ouro. Tanto que o after que se iniciou logo após a cerimônia contou com o espaço muito mais vazio do que durante a premiação. Isso até pode ser atribuído também ao fato de que muitos chegaram cedo e esperaram em uma fila, em um dia muito quente. Outros foram a NET Rio vindos de uma maratona de blocos iniciada de manhã. Mas sem dúvidas se Fernanda também tivesse ganhado, haveria uma retenção maior de público para a festinha. Mas, enfim, o caneco, ou melhor, a estatueta veio, uma vitória de extrema importância para revigorar de vez o cinema nacional.

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