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Piratas do Caribe 4: Navegando em Águas Misteriosas

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Muita gente vai dizer que é um filme de verão, que blockbuster não tem nenhuma outra razão de existir senão divertir, etc. Porém existem graus de diversão que podem ser claramente medidos durante a série de filmes Piratas do Caribe. Enquanto o primeiro e o segundo souberam explorar a relação turbulenta entre a coroa britânica e os piratas, colocando um personagem espetacular como Jack Sparrow em contraponto aquela sociedade correta e cheia de regras e dogmas, este último aparentemente se esqueceu do que é diversão apenas para se concentrar em ação descomunalmente mal pautada.

Primeiro de tudo, eu preciso dizer que tenho um sério problema com o diretor Rob Marshall. Todos seus filmes pecam por não terem a devida edição e cadência, causando extremo desconforto em diversos momentos. Foi assim com Memórias de uma Gueixa, Chicago e Nine, e é assim com Piratas do Caribe 4 – Navegando em Águas Misteriosas. O filme tem por volta de 2:20hs de duração, que poderiam ser facilmente condensáveis em 1:45hs em razão dos excessos do diretor e do roteiro assinado por Ted Elliott, Terry Rossio com apoio de Stuart Beattie e Jay Wolpert na criação de personagens. Os dois primeiros são os mesmos escritores dos outros filmes, portanto não haveria porque reclamar da história, o problema é o roteiro que se delonga demais em certas partes, mas mais por culpa do diretor do que pelo roteiro em si.

Neste quarto filme da série, Jack Sparrow (Johnny Depp) é levado a buscar a Fonte de Juventude juntamente de Angelica (Penelope Cruz) e Barba Negra (Ian McShane). Correndo contra ele temos Barbossa (Geoffrey Rush) que agora trabalha como Corsário para a Coroa Inglesa. No caminho deles, um ritual macabro para invocar os poderes da fonte que tira a vida que resta a uma pessoa e dá a outra.

É simples assim. O filme seria uma busca pelo tesouro onde três frentes (Piratas, Ingleses e Espanhóis) correm contra o tempo para chegar até a fonte, porém o filme não quer se vender desta forma em momento algum. Por exemplo, Barbossa usa um nau inglês e em dado momento se encontra com três navios espanhóis. Ao invés de entrar em combate e afundar os espanhóis ele resolve apostar corrida com eles. Desde quando um Corsário apostaria corrida com seus adversários, ainda mais sendo Barbossa o capitão do navio? A mudança no caráter de alguns personagens e a adição de outros que de forma alguma fazem frente à Jack Sparrow mostra que o filme foi escrito para ser um show de Jack, porém Jack não funciona assim.

Nos primeiros filmes, Jack sempre foi o anti-herói que deixava os ditos heróis (Orlando Bloom e Keira Knightley) totalmente enraivecidos pelos seus atos caóticos. Agora, ele não tem quem irritar. A vítima certa seria Angélica, com quem ele teve uma relação no passado, porém, esta também é uma pirata e em momento algum tem seu personagem desenvolvido ao ponto de fazer com que nos interessemos pelo que houve no passado dos dois.

Em alguns momentos a química funciona e parece que o filme vai engatar, mas sempre aparece uma cena de ação para atrapalhar tudo. Até mesmo Ian McShane e seu Barba Negra não aparenta ser o vilão que deveria ser. Para quem assistiu o seriado Pilares do Mundo, vai se lembrar de McShane como o bispo motivado pelo poder que manipulava todos a sua volta como bem entendia. Aqui, Barba Negra tem certos reflexos daquele personagem. Sabe qual é o problema disso? Barba Negra era um pirata e não um bispo. Em momento algum se tem medo dele ou de seus poderes sobre seu barco, apenas receio do que ele poderia vir a fazer. Barbossa é e sempre foi muito mais ameaçador, tudo por méritos de Geoffrey Rush que é o único que entendeu qual seu papel no filme (e o faz primorosamente).

A quase relação criada entre a sereia Syrena (Astrid Berges-Frisbey) e o clérigo Phillip (Sam Claflin) é tão mal desenvolvida que sequer dá vontade de citar. Toda tensão sexual que existia entre Jack e Elizabeth Swann nos primeiros três filmes, e que era um atrativo a mais, é totalmente inexistente em qualquer uma das relações criadas no filme. Syrena e Phillip são insossos em todas suas falas (coitada da moça, mal sabe se expressar) e atos. Mínima foi a vontade de saber qual seria o desenrolar da relação dos dois e quando isso aconteceu, importei-me tão pouco que agora, poucas horas depois de ver o filme, eu já estava esquecendo dela se não fosse uma foto da moça no Google imagens.

Ainda assim, a diversão do filme é certa, sejam nas cenas de luta e perseguição, sejam nas piadas e atos de Jack Sparrow que com seus trejeitos e frases de efeito é a alegria do público. Em termos de cinematografia o filme é escuro e pouco aproveita das belas imagens dos primeiros três filmes. Por diversas vezes o diretor usou de cenas panorâmicas para mostrar uma floresta anônima em um lugar anônimo do mundo para dizer que os personagens estavam em uma floresta. Sim, tem árvores e rios, é uma floresta, para que panorâmicas tão longas? E o 3D do filme é bem natural, quase imperceptível a não ser que uma espada seja enfiada na cara do espectador para mostrar que o filme é realmente em 3D, senão, mal se percebe que o filme é assim, infelizmente.

Para quem quer saber, o filme deixa um gancho para uma eventual continuação, mas deixa de explorar tantas situações criadas que sinceramente eu saí aturdido com tudo o que vi. É um filme de ação quase sem paixão, só não digo que é pornografia com piratas porque por diversos momentos a película se torna morosa e chata, fazendo você rezar por uma cena de ação acontecer para terminar aquele diálogo sem vida e repetitivo já que a história não dá muito espaço para explorar cada um dos personagens e suas motivações que são basicamente servidas em uma bandeja de prata ao espectador.

Depp estava certo quando ficou receoso em fazer mais um filme dos Piratas desde a saída de Dick Cook, que foi quem o colocou no primeiro filme. Talvez seja a hora de rever esta parceria e achar um novo caminho para Piratas do Caribe que não seja usando e abusando da imagem de Jack Sparrow.

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1 Comentários

  • Apenas olhando de relance essa crítica vê-se logo que este tolo rapaz não sabe do que esta falando e apenas pensa que um dia vai construir um nome em cima de calunias infundadas que não encontram aceitação se não em seus iguais que nada tem a perder e muito menos terão a ganhar algum dia!
    “Condensáveis” é esta palavra introduzida nos filmes de hoje que os tornam inconpreensíveis e vagos uma verdadeira droga visual, mas é claro porque não condensar não? para que detalhes, intensidade e ação? afinal o que o publico quer quando vai ao cinema é uma aula de história e de comportamentos, não é sentir é aprender … haha PATETICO realmente lamentavel

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