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Resenha: Grey Gardens

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Poster de Grey Gardens

Todo mundo sabe quem foi Jacqueline Kennedy Onassis, ex-primeira dama americana que fora casada com John Kennedy, famoso presidente assassinado. Após enviuvar ela se casou novamente com Aristotle Onassis, se tornando ainda mais famosa Jackie O.  Até aí não é novidade para ninguém. Mas, e sua família?

Grey Gardens é um filme baseado num documentário de mesmo nome lançado em 1976 que conta a história de Edith “Big Edie” Ewing Bouvier Beale e sua filha Edith “Little Edie” Ewing Bouvier Beale ambas tia e prima em primeiro grau de Jackie O. Esse filme estrelado por Drew Barrymore e Jessica Lange, conta como essas duas mulheres viveram na alta sociedade e toda sua decadência, sendo esquecidas pelo mundo e vivendo pobremente nessa casa no bairro de East Hamptons em Nova York.

No papel de Big Edie, que lhe rendeu o Emmy este ano, Jessica Lange nos presenteia com uma performance incrível de uma ex-cantora amargurada, que após seu divórcio se torna uma pessoa reclusa. Drew Barrymore vive Little Edie, uma divertida e alegre mulher, que consegue ter algum momento de felicidade em Nova York, tendo um caso com um homem casado. Quando sua mãe descobre o caso, estraga todos os planos da filha arrastando-o até a casa de Grey Gardens e a fazendo a ficar por lá até sua morte em 1977, um ano após o lançamento do documentário no Festival de Cannes. Little Edie sofria de Alopecia, uma doença que fazia com que seus cabelos caíssem, levando-a a ficar famosa por seus turbantes.

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Jessica Lange e Drew Barrymore

Depois do divórcio, Sr. Beale acaba se casando de novo deixando as duas a ver navios, e com uma misera ajuda de custo de 150 dólares por mês. Em pouco tempo a casa começa a cair aos pedaços e o acúmulo de sujeira, animais e lixo acaba trazendo a vigilância sanitária até a casa. Sem ter de onde tirar dinheiro, acabam contando com a sorte de um fotógrafo que aparece em sua propriedade e tira inúmeras foto das duas, mostrando a péssima situação em que vivem. Toda essa publicidade acaba levando Jackie a encontra-las e prometer uma renovação do lugar.

O melhor do filme é a relação turbulenta e amorosa das duas e as várias perguntas que você acaba se fazendo sobre isso. Tudo nos é mostrado como se fosse um making off do documentário, feito pelos irmãos Maysles. Me perguntei várias vezes o porque delas não saírem de lá, o porque de continuarem aceitando aquela situação ridícula. Como um ser humano poderia morar num lugar sem calefação, água quente, vivendo só de patê e sorvete?

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A casa de Grey Gardens antes da reforma.

A resposta é mais simples do que parece: honra, orgulho e status. Com uma criação privilegiada é difícil abandonar velhos conceitos. Little Edie acaba se frustando e abandonando todos os seus sonhos de estrelato, para ficar ao lado da mãe. Até que ponto uma depende da outra? Os anos passam e  elas se agarram as lembranças dos bons tempos, a música e a dança.O filme fala de duas grandes estrelas que perdemos graças a decadência de suas vidas entre outros acontecimentos. Ambas viveram 50 anos naquela casa, em épocas diferentes. Mas, elas não se foram sem deixar um grande legado. Além do documentário de 1977, Little Edie tem um livro de cartas enviadas a sua prima, Marc Jacobs fez bolsas em sua homenagem e virou até musical da Broadway. Após a morte da sua mãe, Edie viveu em diversos lugares até se estabelecer na Flórida, onde tinha uma vida tranquila e se correspondia com fãs. Ela veio a falecer em Janeiro de 2002 com 84 anos.

A história das Beale é tão famosa que já foi citada em muitos lugares como Gilmore Girls, Will & Grace, The L World e até no desenho dos Rugrats.

Sempre sou atraída por filmes em que a Drew Barrymore trabalha e esse não é diferente. A caracterização faz com que ela seja realmente Little Eddie. Jessica Lange não fica atrás, e como já disse, acabou abocanhando o prêmio de melhor atriz em filme ou minisérie no Emmy desse ano. É quando vejo filmes assim, que me dou conta de que ainda existem muitas histórias que precisam ser contadas.

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As Beale originais.

Assistam, porque vale muito a pena.

Melissa.

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Comentários 1
  1. Assisti a Grey Gardens na HBO e fiquei estupefata com a história. Agora quero ver se consigo pegar o documentário de 1975, que deve ser ainda mais perturbador. O filme é maravilhoso, muito bem feito, as protagonistas dão um show de interpretação e a história em si mesma é superenvolvente. No entanto, entrei em vários sites contendo resenhas do filme com a Drew Barrymore e a Jessica Lange e o que percebi foi uma tentativa de romantizar a história das duas Ediths (o filme tb faz isso). Explico: elas ficaram pobres, OK, mas o que isso tem a ver com sujeira? Quantas pessoas pobres conhecemos em cujas casas sentimos o maior prazer de estar? São pessoas de poucos recursos mas que fazem de tudo para manter asseado o lugar onde vivem. Eu não consigo entender como aquelas duas malucas não pegaram uma doença séria! Big Eddie, como o filme mostrou, nasceu para ser dondoca e quis fazer a cabeça da filha para lhe seguir os passos (cenas em que ela empurra Little Eddie para cima de homens ricos). Ela tinha uma vida nababesca às custas do marido, que frustrado com a situação, percebeu que o dinheiro que ganhava com seu trabalho duro ia pelo ralo por causa dos desvarios financeiros da mulher. Não deu outra: arrumou uma amante e pediu o divórcio. Big Eddie era tão egoista que ao se ver abandonada pelo marido, pelo amante músico e pela filha, que a essa altura tentava fazer carreira em Nova York, tratou de manipulá-la, fazendo com que voltasse a East Hamptom para fazer companhia a ela. E conseguiu, certo? Little Eddie ficou enterrada naquela mansão que detestava por causa da mãe e enterrou tb seus sonhos artísticos. Quando viu que o marido tinha lhe deixado quase nada, ao invés de fazer o que qualquer pessoa normal faria, ou seja, viver como um ser humano comum, trabalhando para se sustentar, ela preferiu fincar pé ali e viver como uma ratazana, no meio do lixo. Seus filhos homens chegaram a propor que ela vendesse a propriedade e fosse morar num lugar bem bacana até (com empregados e tudo), mas o orgulho falou mais alto. Isso é o que eu chamo de "o cúmulo do apego aos bens materiais". Foi triste e ao mesmo tempo irritante ver Big Eddie mostrando à filha as joias que ela usara no casamento e escondera aquele tempo todo, e a resposta de Little Eddie, mais ou menos como isso: "Poxa, mãe, se vc tivesse vendido essas joias a nossa vida poderia ter sido diferente…" E a mãe: "Não temos nada do que nos arrepender". Ora, me poupe!!!!!

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