A excessiva reverência já prejudicou muitos filmes promissores, mas é especialmente implacável com revivals. O Retorno de Mary Poppins é uma sequência com DNA de revival. Mas sofre exatamente por ser essencialmente uma evocação do filme original de 1964, caindo na banalidade.
Ambientada 20 anos após os acontecimentos do seu original, em meio a Grande Depressão de 1930, acompanhamos a vida dos agora crescidos Michael Banks (Ben Whishaw) e Jane Banks (Emily Mortimer). Michael, agora pai de três filhos, descobre então estar em uma situação delicada, tendo um empréstimo vencido e podendo até mesmo perder sua casa. E é neste momento em que ele tem passado também por uma grande perda pessoal, que a enigmática Mary Poppins (Emily Blunt) retorna para a vida da família Banks.
Emily Blunt é aquele tipo de atriz-coringa que se encaixa em qualquer papel e dá a essa nova Poppins um carisma diferente, mas tão necessário ao filme quanto a marcante performance de Julie Andrews.
Por mais que o diretor Rob Marshall saiba filmar musicais na medida de sua suntuosidade, quando trabalha com um roteiro que depende de mais do gênero para acontecer, acaba não sabendo contornar apenas com suas alegorias musicais.
Assim como aconteceu com o chatíssimo Caminhos da Floresta, a narrativa parece emperrada, mesmo com alguns (poucos) números musicais mais vibrantes. Aliás, nos dois filmes citados de Marshall, nem a presença de Meryl Streep salva. O roteiro discursivo demais também pesa contra o filme.
Assim, O Retorno de Mary Poppins acaba não se justificando: de tão preocupado em evocar o passado, esquece de se estabelecer como um filme próprio (apesar de Emily Blunt!).
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