Sequências de "Até que a Sorte nos Separe" e "Muita Calma Nessa Hora 2" são mais derivativos que os originais

Sequências de "Até que a Sorte nos Separe" e "Muita Calma Nessa Hora 2" são mais derivativos que os originais – Ambrosia

Não é que o nível de exigência é alto demais para filmes que se propõem apenas a entreter. Apenas temos o entendimento que entreter não é sinônimo de acefalia ou apenas simples oportunismo. Assisti “Até Que a Sorte Nos Separe 2″ e “Muita Calma Nessa Hora 2″, continuações de dois sucessos passados (confirmados, principalmente pelo enorme sucesso do primeiro, já superando a bilheteria do antecessor) num mesmo dia, um após o outro; e pude só reforçar o quanto suas realizações são APENAS frutos do oportunismo que infelizmente define o arremedo de indústria cinematográfica que temos.
Orçado em quase R$ 7 milhões, “Até Que a Sorte Nos Separe 2″ tem a maior parte das locações nos EUA (Las Vegas) e conta com a luxuosa participação de Jerry Lewis. Aliás, já que o grande ator americano era tão respeitado pela equipe do filme poderiam ao menos se inspirar em seus filmes, que faziam da comédia filmes em que a graça era prioridade dramatúrgica e não esquetes isoladas para render bons teasers. Leandro Hassum é inegavelmente engraçado com seu timing, mas precisa de uma trama que torne seu talento homogêneo à história que quer contar. O roteiro é um amontoado de situações chaves que visam apenas o riso fácil e localizado. Camila Morgado (substituindo Danielle Winits) é outro ponto alto do filme, cada dia mais a vontade com a comédia (como já vimos na ótima novela Avenida Brasil) e rendendo a melhor piada, fazendo piada com uma cena do filme Olga. O público vêm sendo conivente, mas como todo excesso de vertente, é óbvio que o cansaço é previsível.

roteiro-cinema-02-abre

“Muita Calma Nessa Hora 2” é ainda pior. O primeiro não era lá grandes coisas, mas existia um falso vigor (muito pela sua proposta de jovialidade) que o tornava bem razoável. Nessa continuação, a relação das quatro amigas, Tita (Andréia Horta), Mari (Gianni Albertoni), Aninha (Fernanda Souza) e Estrella (Débora Lamm) é diluída num amontoado de de bobagens sobre um festival cheio de furos de lógica e, mesmo que alguma ou outra piada sobre os Los Hermanos e caricaturas paulistas funcionem, o filme não tem história, os personagens não se desenvolvem, as tramas parecem esquetes de “Os Caras de Pau” (!) e o que é pior, não é engraçado. Daí, volto a questão da exigência e reflito sobre as comédias descartáveis que passavam na Sessão da Tarde, principalmente nas décadas de 90 e 80. Havia ali uma despretensão que não feria o brio de sua execução. E isso que falta a comédia nacional recente: parar de confundir despretensão com mediocridade.

Total
0
Links
Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Ant
Olhares & Observações: Em busca da Autenticidade

Olhares & Observações: Em busca da Autenticidade

A coluna Olhares & Obersvações sempre aparece quando preciso comentar alguma

Prox
Diretor e elenco de "Quando eu era vivo" contam como é fazer um filme de terror no Brasil
Diretor e elenco de "Quando eu era vivo" contam como é fazer um filme de terror no Brasil – Ambrosia

Diretor e elenco de "Quando eu era vivo" contam como é fazer um filme de terror no Brasil

No dia 29 de janeiro, o diretor Marco Dutra deu uma entrevista para a imprensa

Sugestões para você: