“Sobrenatural – Capítulo 2” tem bons sustos, mas não impressiona

Lançado em 2010, “Sobrenatural” (“Insidious”) mostrou que o diretor James Wan e o roteirista Leigh Whanell não estavam limitados ao seu filme mais famoso, “Jogos Mortais” (“Saw”). A dupla realizou uma produção completamente diferente, obtendo um bom resultado ao contar a história de um casal assombrado por um espírito que está dentro do corpo do filho mais velho e sua luta para livrá-lo da maléfica entidade. O mais surpreendente é que, com um orçamento de ‘apenas’ US$ 1,5 milhão, o filme rendeu US$ 54 milhões só nos EUA. Com um lucro tão grande assim, não é de se espantar que, três anos depois, seja lançada a continuação “Sobrenatural: Capítulo 2” (“Insidious: Chapter 2”).

A trama aproveita uma situação deixada em aberto no primeiro filme e explica melhor o passado do protagonista Josh Lambert (Patrick Wilson), logo no início da história. Quando ele era criança, conseguia ver as almas de pessoas mortas – nem todas bem intencionadas – quando entrava numa espécie de transe. Preocupada, Lorraine, a mãe do jovem (vivida por Jocelin Donahue no passado e Barbara Hershey nos dias atuais) contratou os serviços de Elise Rainer (Lindsay Seim/Lin Shaye) para ajudar o filho a não ter mais essas visões e viver como uma pessoa normal. Logo em seguida, o filme avança no tempo para depois dos eventos ocorridos na primeira parte, em que Josh, sua esposa Renai (Rose Byrne) e os filhos Dalton (Ty Simpkins), Foster (Andrew Astor) e Kali (as gêmeas Brynn Bowie e Madison Bowie) agora estão morando com Lorraine e tentam voltar às suas rotinas, como se nada tivesse acontecido.

Só que com (atenção: SPOILER!) a morte de Elise (ocorrida no final de “Sobrenatural”), alguns sons e movimentos estranhos na casa, além de vozes que Dalton ouve num telefone de latas feito pelo irmão (assim como a menina Carol Anne ‘falava’ com os espíritos com um telefone de brinquedo em “Poltergeist II – O Outro Lado”) mostram que o problema não acabou e de nada adiantou se mudarem. Mas o principal problema é o próprio Josh, que desde que resgatou a alma do filho começa a se comportar de forma cada vez mais estranha, levando a crer que ele está possuído por uma estranha entidade (que, aliás, aparece no final do filme anterior). Temendo por uma tragédia, Lorraine recorre novamente aos caçadores de fantasmas que acompanhavam Elise, interpretados pelo roteirista Leigh Whanell e pelo ator Angus Sampson, que contam com a ajuda de outro especialista em ocultismo, Carl (Steve Coulter) para que consigam entender o que está acontecendo com a pobre família Lambert.

“Sobrenatural: Capítulo 2” tem até boas ideias, como o uso de dados para que os espíritos possam falar com os vivos e a identidade do espírito do mal, o que gera cenas com bastante tensão. O problema é que o roteiro se perde no meio do caminho e não consegue chegar a lugar nenhum. Um exemplo disso é o falso suspense que se forma para que o público saiba se Josh está mesmo possuído ou não. Além disso, assim como no primeiro filme, as situações de humor envolvendo os caçadores de fantasmas são forçadas e constrangedoras. Outra coisa que não fica bem clara é sobre a paranormalidade de Dalton, que, de uma hora para outra, sabe o que fazer para entrar e sair do mundo dos mortos, sem maiores dificuldades. Para piorar, a investigação sobre a morte de Elise é descartada no meio da trama e ninguém parece interessado em solucioná-la.

A direção de James Wan é até competente para dar o clima de terror apropriado para o filme. Mas ele se vale demais de recursos sonoros para assustar o espectador, ao invés de encontrar soluções mais inventivas para criar sustos de prender o público na cadeira. Além disso, ele não consegue extrair boas atuações de seu elenco. Patrick Wilson emula, sem o mesmo talento, a atuação de Jack Nicholson em “O Iluminado”. Rose Byrne não tem muito o que fazer com a sua personagem, assim como Barbara Hershey, que parece ter o rosto meio endurecido provavelmente por causa de alguma operação plástica mal feita. Leigh Whanell e Angus Sampson são apenas razoáveis em seus papéis e Lin Shaye até mostra carisma como Elise. Mas nada muito sensacional.

Com um desfecho que deixa claro a intenção de fazer uma terceira parte (já confirmada porque, assim como o primeiro filme, custou pouco e rendeu muito), “Sobrenatural: Capítulo 2” é apenas um passatempo inofensivo e nada memorável, especialmente para os fãs de filmes de terror. Mas para quem não tem maiores pretensões, pode até se divertir com essa produção, que só dá alguns sustos momentâneos, porém não vai tirar o sono de ninguém.

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