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Sucker Punch: Surrealmente belo

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Zack Snyder já demonstrou claramente no decorrer de sua carreira que gosta de estilizar tudo o que faz em termos de cinematografia. Seja com o uso de filtros e cores fortes ao uso de cenas de ação em câmera lenta. Em Sucker Punch, ele novamente nos alimenta com esta estilização para contar a história de uma jovem que é mandada a um hospício após ser insjustamente acusada de ter matado a irmã. Lá dentro, ela vive os piores pesadelos de uma pessoa sã e acaba se rendendo à loucura com o fim de conseguir sua liberdade antes de ser lobotomizada, viajando através de sua imaginação à mundos onde ela e mais quatro jovens devem cumprir missões para a fuga final.

Nossa protagonista é Baby Doll (Emily Browning) que se junta à Sweet Pea (Abbie Cornish), Rocket (Jena Malone), Blondie (Vanessa Hudgens) e Amber (Jamie Chung) para cumprir seus sonhos de liberdade. Sobre o como elas fazem isso, melhor tocar em um tópico à parte. Juntamente delas, temos Carla Gugino que faz a Dr. Vera Gorski no mundo real e a Madame Gorski no mundo das fantasias de Baby Doll e Scott Glenn, o sábio que trouxe a possibilidade de um caminho para a fuga.

Não se pode deixar enganar pela temática fantasiosa, afinal, desde o primeiro momento somos inclusos em uma instituição para doentes mentais onde realidade e ficção parecem ser separados por uma fina película a qual pode ser rompida ao mais fino toque. Snyder demonstra ter gostado do que fez com Watchmen e usa e abusa de sombras, cores vívidas, close-ups, câmera lenta, ângulos de câmera possibilitados somente pela computação e cenas de luta esteticamente maravilhosas, criando um espetáculo para os olhos e ouvidos (sobre a trilha, ler abaixo).

A história em si parece desconexa, mas, em momento algum, há uma queda no ritmo do filme, que, com menos de 2 hs de duração, pareceu ter o tamanho exato para contar os 5 dias que separam a tentativa de fuga de Baby Doll e sua lobotomização. O roteiro não passa, em verdade, de uma série de cenas de ação envolvendo meninas com decotes generosos, roupas curtas, armamento pesado e lutando contra uma infinidade de inimigos, sejam samurais gigantes à nazistas zumbis. As cenas no hospício em si servem para preparar a viagem de Baby Doll para a terra da imaginação, onde ela vê o hospício como um tipo de cabaré onde ela e suas colegas são obrigadas à dançar e “agradar” os homens que vão até lá.

A partir daí, todas as meninas que já estavam lá, acabam se rendendo ao talento de Baby Doll que hipnotiza todos que a assistem dançar. Usando isto, elas montam um plano para roubar alguns itens que farão com que elas consigam fugir, porém, cada vez que dança, Baby Doll imagina os ambientes surreais nas quais ela e as amigas tem que cumprir suas missões.

Muito crítico irá falar que a história é desconexa, que as interpretações são fracas e que o filme é ruim. Muitos críticos não entendem Zack Snyder e ficam falando asneira. Snyder, antes de mais nada, é um fã de quadrinhos. Sempre há algo nos filmes dele que remetem ao ritmo dos quadrinhos. Aqui não é diferente. Como bem minha namorada ressaltou após o filme, Sucker Punch é baseado no estilo de mangas e animes japoneses. Jovens com roupas sexys, usando armamento pesado e chutando o saco de quem aparecer na frente em cenas impossíveis. Baby Doll, em dado momento, até concentra seu Ki no melhor estilo Dragon Ball para desferir um golpe fulminante. Sua roupa no mundo surreal é igual a das colegiais japonesas. Snyder conseguiu criar uma versão live action de um anime para dizer claramente o que se vê na tela.

A interpretação das atrizes é proporcional a qualidade do texto. Em diversos momentos elas soltam os mais clássicos clichês do cinema com o rosto mais sem expressão que a frase merece e, quando necessárias, sabem atuar, especialmente Abbie Cornish que eleva sua Sweet Pea acima das outras. Emily Browning como Baby Doll faz sua parte em colocar a vítima molestada psicologicamente em primeiro lugar, que acaba se revoltando e querendo fugir daquilo tudo. Ela não é uma heroína, mas sim uma fugitiva e percebe-se em seu rosto uma quase ausência de sentimento misturado com dor e desespero reprimidos. Jena Malone aparece com uma boa surpresa, especialmente pela facilidade com que o público acaba se afeiçoando à ela e sua história. As outras duas meninas acabam apenas por cumprir tabela e completar o grupo de forma mais do que competente.

Mas, uma das coisas que melhor marca o filme é a espetacular trilha sonora usada no decorrer do filme.

Trilha Sonora

Todos sabem que um bom filme, sem uma boa trilha sonora acaba por cair no cotidiano e esquecimento. Nós ouvimos uma música em um filme e a cena em questão acaba presa na mente do espectador. Snyder sabe disto e encheu o filme com músicas famosas, em novas versões (exceto Army of Me de Bjork). Qual o prazer de ouvir Pixies, The Smiths, Queen, Eurythmics, The Stooges e Jefferson Airplane usadas e cantadas por intérpretes diferentes, para amparar grandes cenas de ação?! Não se tem explicação o deleite de estar assistindo um filme e perceber aquela música que está tocando ao fundo da cena não só é conhecida como se encaixar perfeitamente no contexto da cena.

A escolha das músicas acabou por casar com cada uma das cenas de forma a marcar o espectador que gosta do tipo de som apresentado e que quer ver meninas se divertindo enquanto espancam seres, monstros, nazistas, enfermeiros, etc. Abaixo “Army of Me” de Bjork que foi inserida em uma cena que eu jamais imaginaria que ela poderia estar dentro.

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=Zce1QaicJTs[/youtube]

Para os fãs de ação e filmes bem elaborados, Sucker Punch é o filme certo. Porém, fãs de dramas e roteiros cheios de reviravoltas com interpretações oscarizáveis, passem longe porque esse filme vai apenas lhes irritar. Vão assistir o novo filme do Woody Allen e sejam felizes porque aqui só há diversão que não necessariamente exige demais dos espectadores. Porém, mesmo aqui, há um certo prazer em se procurar por alguns detalhes escondidos em cena que acabam por trazer uma graça à mais para todos que os percebem. Abram os olhos e os ouvidos e talvez vocês percebam algo mais, como por exemplos, os personagens andando e se movimentando ao ritmo da trilha.

Claro que essa semana ainda sai um Movie Tunes especial só para este filme que mostrou como uma trilha sonora deve ser usada para criar ambientação e significado para o que ocorre na cena com letras poderosas e marcantes.

[xrr rating=4/5]

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10 Comentários

  • Deu pra ver que tu estavas na defensiva desde o começo, mas nem toda diversão (descompromissada ou não) tem que ser tão imbecilizante quanto este Sucker Punch. As idéias mais bestas também precisam de motivações bem desenvolvidas e o Snyder não prepara território pra nenhum dos eventos ou confrontos do filme.

    Vazio.

  • bom cara ,respeito voce ter gostado do filme ,mas dizer que ha alguma dificuldade para entender zack snyder é forçar um pouquinho ,que o cara manja das ferramentas para se criar uma boa imagen é fato e tambem é só.

    • Desculpa Aloisio, mas tem gente que não saca as tiradas dele. Se tem gente que paga pra ver as putarias do Michael Bay, nada mais justo que ver algo muito mais bonito esteticamente e com um conteúdo que agrada sem forçar a barra.

  • Nunca vi Camino e Dib concordarem, e geralmente tendo a concordar com as opiniões do Camino, porque todo mundo sabe que Dib é xiita mesmo (não sou um entusiasta da lula gigante), mas estou sentindo que vou gostar desse filme sim e me entusiasmei mais ainda com artigo. Show de bola, Dib. Valeu.

    • O dia que eu, Camino e Veloso concordarmos em algo, acaba o mundo. Hahahaha. A graça de ser xiita é que vai sempre aparecer outro radical pra me xingar.

  • Eu fui assistir esse filme nesse sabado e minha opinião e meio dividida, quando o filme tem seus momentos dramaticos e quer ser levado a sério acaba se tornando pretencioso, porem concordo com o Dib, muita gente não entende o Snyder, talvez por ter lhe sido atribuido palavras como "elegante" ou "visionario", uma amostra disso e a implicância que o povo tem com seu uso de câmera lenta, que é claramente uma referencia aos quadrinhos, pelo menos sua câmera lenta tem proposito, diferente de bostões como Michael Bay e Paul Anderson, que Snyder com certeza esta acima.

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