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“Terra Selvagem” peca por falhas e clichés narrativos

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Terra Selvagem (Wind River, EUA/2016), de Taylor Sheridan, roteirista de “Sicario – Terra de Ninguém”, é um thriller policial que se passa em uma cidadezinha no Wyoming. A cidade carrega a herança da cultura indígena de modo ainda significativo, mas parece estar perdendo esta identidade pelo descaso do estado e pela escassez de oportunidades de trabalho e de lazer. É um lugar que, no inverno, fica isolado pelo frio e pelas longas distâncias a serem percorridas para poder ir de um lugar ao outro. A desolação é percebida visualmente através dos grandes campos cobertos de branco pela neve, sonoramente, pelos longos silêncios e é também sentida através das secas relações interpessoais e dos passados mal digeridos.

Jeremy Renner interpreta um caçador de animais selvagens, cujo trabalho é focado em caçar predadores, de modo a assegurar que os moradores locais estejam protegidos. Numa manhã, durante sua ronda, acompanha rastros de sangue que vão dar no corpo de uma jovem. Sendo uma cidade pequena, onde todos se conhecem, ele a reconhece.

A gravidade do caso e seu aparente carácter de assassinato justificam o envolvimento do FBI. A representante enviada é Natalie (interpretada por Kelsey Asbille) imediatamente descredibilizada pelos olhares dos policiais locais.

O filme possui um bom ritmo edepois daquela montanha filme completo dublado é regado de falas de efeito, as quais gosto de chamar de falas-slogan, que demonstram a facilidade do diretor enquanto também roteirista. Apesar de os atores conseguirem dar densidade ao desgosto da situação, e da trilha sonora e fotografia serem belas, há muitas falhas e clichés narrativos que incomodam.

Nossos heróis são outsiders e brancos. Renner, que acabou ficando depois de se casar e construir família, e a jovem representante do FBI. Essa estrutura, da raça branca americana chegando para salvar os índios em seu próprio território já era problemática desde seu surgimento, nos faroestes dos anos 50. Esses dois são também os únicos personagens realmente “desenvolvidos psicologicamente”. Importamo-nos com eles.

O pai da jovem, interpretado por Gil Birmingham, um homem aparentemente forte e destemido, é retratado de modo frágil e alheio às suas raízes. Foi bastante incômodo ver todos estes personagens, com tanto potencial, sendo usados apenas como escada para nossos protagonistas loiros. Além disso, há alguns buracos na própria construção do personagem de Brenner e em seu passado mal explicado, no qual teria perdido sua filha, três anos antes, da mesma maneira que a jovem no início do filme. O que nos leva a questionar se ela não fez nenhum tipo de investigação ou como o seu casamento terminou a partir disso. Há pequenas subtilezas que poderiam ser indicares de respostas para estas perguntas, mas ficam soltas e vagas.

Enfim, apesar das falhas, “Terra Selvagem” é um filme razoavelmente eficiente naquilo a que se propõe narrativamente, e coloca, também, críticas ao comportamento masculino, comparando os homens isolados ou bêbados, enfim, homens mais próximos de seus instintos básicos, a animais selvagens, os tais predadores que Brenner deveria matar. E também defende uma tese em torno da força da mulher, tantas vezes subestimada, e do descaso com a comunidade indígena.

Filme: Terra Selvagem
Direção: Taylor Sheridan
Elenco: Jeremy Brenner, Kelsey Asbille, Elizabeth Olsen
Gênero: Drama/Ação
País: Estados Unidos
Ano de produção: 2017
Distribuidora: California Filmes
Duração: 1h 47min
Classificação: 12 anos

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