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“Uma Batalha Após a Outra” escancara de forma potente a desilusão com o Sonho Americano

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O chamado Sonho Americano, e automaticamente sua desconstrução, sempre serviram de pano para manga de cineastas norte-americanos (ou não, mas filmando na terra do Tio Sam) como matéria-prima de obras relevantes e contundentes. Alguns realizadores se especializaram no tema, como é o caso de Paul Thomas Anderson, que apresenta “Uma Batalha Após a Outra”, seu novo ensaio niilista em tempos de MAGA. Quais as fragilidades são camufladas por trás da propaganda de eficiência e o discurso prepotente de um império que reluta em reconhecer seu inevitável enfraquecimento.

Nesse thriller de ação, Leonardo DiCaprio dá vida a Bob Ferguson, um ex-revolucionário marcado pelas cicatrizes de uma juventude violenta. Anos após abandonar a luta armada e mergulhar em uma rotina de frustrações, Bob vê seu mundo desmoronar quando o inimigo mais implacável de sua trajetória retorna do desaparecimento e sequestra sua filha.

Forçado a revisitar o passado que tentou enterrar, Ferguson reúne antigos companheiros de guerrilha para enfrentar uma missão desesperada: salvar a garota antes que seja tarde demais. Entre dilemas morais, conflitos pessoais e sequências de ação intensas, o personagem se vê no centro de uma narrativa sobre redenção, lealdade e os fantasmas que nunca deixam de assombrar.

Anderson não se furta a usar o espetáculo para transmitir seu recado da forma mais grandiosa possível. Aqui não é diferente. Há cenas de ação de tirar o fôlego – inclusive uma perseguição automobilística que claramente quer se equiparar à famosa sequência de “Operação França” -, uma fotografia opulenta e a já tradicional edição frenética dos longas do cineasta, que faz o espectador se sentir amarrado e amordaçado na poltrona.

Como possui forte influência de Robert Altman, a escalação do elenco (dessa vez não muito inflado) encabeçado por grandes astros. Além de DiCaprio, está um Sean Penn, embrutecido, quase que petrificado, personificando o que há de pior nas corporações de qualquer espécie. Em um papel menor, mas também de considerável relevância está Benício Del Toro. O cineasta abriu espaço para atrizes com estrelato bem menor brilharem. Teyana Taylor – conhecida como a dançarino para lá de sensual no clipe de Fade, de Kanye West – surpreende com uma atuação potente no papel de Perfidia; Regina Hall também se destaca como Deandra, e Alana Haim, integrante da banda Haim, que protagonizou com graça o trabalho anterior do cineasta, “Licorice Pizza”, fazendo uma pequena participação. Todavia, merece bastante atenção a interpretação de Chase Infiniti como Willa, filha de Bob e Perfidia. Praticamente uma iniciante (tem em seu currículo apenas a série “Acima de Qualquer Suspeita”, em 2024), mostra desenvoltura em cena, com muita naturalidade ao contracenar com atores consagrados. Já DiCaprio nitidamente enxergou nesta produção um caminho direto para o Oscar do Melhor Ator, que, obviamente, ele quer adicionar mais um na estante. Sua atuação está no tom exato, mas fica um pouco eclipsada em vários momentos por Penn.

“Uma Batalha Após a Outra” já tem presença considerada certa na temporada de premiações. Dado o histórico de Paul Thomas Anderson no Oscar, e a potência fílmica exibida, é pouquíssimo provável que não seja lembrado em pelo menos quatro categorias. O roteiro escrito pelo próprio diretor, inspirado no livro “Vineland”, de Thomas Pynchon, além de desenvolver adequadamente cada personagem e proporcionar uma trama envolvente, expõe duramente, sem ser panfletário demais, a falência não apenas dos sustentáculos do American Way, mas das instituições poderosas como um todo. Um debate sempre relevante. Mais um ponto na praticamente impecável filmografia de P.T. Anderson.

Uma Batalha Após a Outra

Uma Batalha Após a Outra
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Nota: 9/10 - Fantástico
Nota: 9/10 - Fantástico
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