Parte dos pilares históricos de Hollywood foram construídos por filmes despretensiosos que lotavam as matinês sessentistas de todo o planeta. Pena que geralmente esse gênero trafegue constantemente na linha tênue entre a dita despretensão e a mediocridade, principalmente nos últimos anos. Então, é de se aplaudir quando um bom exemplar desse tipo cinema aparece no circuito.
Falo de Uma Manhã Gloriosa, do mesmo diretor do simpático Um Lugar Chamado Nothing Hill, Roger Michell, que acompanha as desventuras de um produtora de TV (a carismática Rachel McAdams), que vive a esquizofrenia dos viciados em trabalho, para manter um tradicional programa matinal, que há anos dá sinais de cansaço e decadência. Para tal, Becky Fuller, tem a ideia de escalar uma lenda do telejornalismo, um tanto ranzinza (Harrison Ford) para equilibrar a pauta atrativa do programa. Basicamente, o filme se passa nos bastidores da TV e nos conflitos de Fuller, vendo o desafio de reorganizar o trabalho e a vida pessoal se complicando ainda mais.
Do mesmo roteirista de O Diabo Veste Prada, o filme maneja bem os clichês da comédia romântica, principalmente por nivelar sua trama pela leveza. Personagens e atores parecem estarem se divertindo naquele universo todo. E é nessa linha pitoresca que o espectador se envolve com o filme, nem percebendo o tempo passar.
Nem preciso dizer que Harrison Ford é o destaque, com seu rabugento apresentador de telejornal que é a alma do filme (e há de se dizer que esse é o primeiro filme bom de Ford em, pelo menos, 15 anos). Diane Keaton também brilha em cenas de humor pastelão e Rachel demonstra a cada trabalho que pode ir além da pecha de “namoradinha da América”, ainda que sua protagonista projete a alcunha.
Uma Manhã Gloriosa é um caso clássico de Sessão da Tarde e com muita dignidade dentro daquilo que se propõe. Talvez falte isso em muitos filmes hoje em dia: ser grande sendo simples, e não simplista sendo pretensioso.
[xrr rating=3,5/5]
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