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A universalidade de “Capitão Fantástico”

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Em meio a uma floresta do noroeste Pacífico dos EUA, um casal nada ortodoxo e desiludido com o modo de vida essencialmente capitalista, criam seus seis filhos numa rotina de convívio ao ar livre, estudo com livros de discurso socialista e científico, caça da própria alimentação e treinamentos físicos.

Com o falecimento da esposa, Ben (o grande Viggo Mortensen) então, precisa tomar conta sozinho da família e ainda impedir que a mulher seja enterrada numa cerimônia cristã pelo pai conservador, sendo ela tão budista (e querendo ser cremada). Capitão Fantástico (Captain Fantastic, EUA/2016) é exatamente essa figura paterna que rege sua família de maneira rudimentar, mas extremamente afetiva. É também o nome desse belo filme de Matt Ross, que já ganha muito com a seleção de elenco infantil que conduz a história. Um grupo de crianças espetacular.

O roteiro alinha essa percepção sobre o modo de vida familiar de maneira delicada, já que o conflito principal (o que ocorre após a morte da mãe) vai alterando de maneira devastadora a rotina de todos. É exatamente quando a trama passa a investir no confronto entre a visão rudimentar e usual de educação desenvolvida nessa família.

Ross, que também escreveu esse roteiro, filma com sensibilidade apostando numa fotografia “antiguinha” para ajudar nos contornos dramáticos e referências temporais que o roteiro vai evocando. E sim, Capitão Fantástico consegue ir além de possíveis filosofismos, sendo um filme engraçado, reflexivo e emocionante, e de forma bem fluente.

Ainda que seu final sofra de uma espécie de banalização da sua própria ingenuidade, onde resoluções se impõem quase que num passe de mágica, essa investigação, digamos, “sócio-intimista” acaba resvalando também num interessante ponto de vista sobre o peso das possibilidades em relações familiares. Ou seja, Capitão Fantástico se impõe, exatamente, por sua universalidade.

Filme: Capitão Fantástico
Direção: Matt Ross
Elenco: Viggo Mortensen, Frank Langella, George Mackay
Gênero: Drama
País: EUA
Ano de produção: 2016
Distribuidora: Universal Pictures
Duração: 1h 58min
Classificação: 14 anos

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Por
Cadorno Teles -

Cearense de Amontada, um apaixonado pelo conhecimento, licenciado em Ciências Biológicas e em Física, Historiador de formação, idealizador da Biblioteca Canto do Piririguá. Membro do NALAP e do Conselho Editorial da Kawo Kabiyesile, mestre de RPG em vários sistemas, ler e assiste de tudo.

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