Pouca gente se lembra, mas “Monstros S.A.” foi o primeiro filme da Pixar a concorrer ao Oscar de Melhor Longa de Animação, em 2002, na primeira vez que a Academia dava uma das cobiçadas estatuetas douradas nesta categoria. Perdeu para “Shrek”, mas não saiu de mãos abanando, já que “If I didn’t have you”, de Randy Newman, foi eleita a Melhor Canção daquele ano.
O tempo passou e, enquanto a Dreamworks espremia tudo o que o simpático ogro poderia oferecer, com três sequências que foram caindo cada vez mais de qualidade (em termos de roteiro), até não sobrar mais nada, a Disney/Pixar resistiu e demorou a fazer uma continuação novamente estrelada pelo grandalhão James P. Sullivan e o “zoiudinho da mamãe” Mike Wazowski. Mas a espera valeu a pena, pois “Universidade Monstros” (“Monsters University”) é uma ótima produção, além de ser uma grande diversão para crianças e adultos.
A trama, escrita pelo também diretor Dan Scanlon, além de Daniel Gerson e Robert L. Baird, mostra que Mike (dublado novamente por Billy Cristal, na versão original), desde criança, quer se tornar um grande monstro assustador. Para conseguir realizar o seu sonho, ele estuda bastante e consegue uma vaga na prestigiada Universidade Monstros. O problema é que, mesmo com todo o seu conhecimento, ele não impressiona na “arte” de assustar crianças.
Durante as aulas, Mike acaba conhecendo Sulley (mais uma vez com a voz de John Goodman) e não simpatiza muito com ele, porque ele só quer saber de farra e não dá a mínima para os livros. Para piorar, o seu desafeto é bem mais popular pois vem de uma tradicional família de monstros e é muito bom quando dá seus rugidos. Mas numa reviravolta do destino, os dois acabam tendo que se unir durante os Jogos do Susto, onde terão que defender a fraternidade Oozma Kappa. Só que, tirando Sulley, todos os outros integrantes do grupo são totalmente desprezados e considerados perdedores pelos outros alunos.
O filme brinca com os clichês de produções americanas sobre universitários e os grupos que são formados dentro do campus. Sendo assim, temos desde a galera dos esportistas valentões, as líderes de torcidas, os “bichos-grilo”, entre outros. A história lembra bastante o “clássico” dos anos 80 “A Vingança dos Nerds”.
Só não tem, obviamente, cenas de bebida e sexo, já que esta é uma produção para crianças. Mas o que importa mesmo é mostrar que, mesmo se estranhando no início, Mike e Sulley se completam como bons amigos e vão deixar as diferenças de lado para darem o melhor de si na competição. Como os protagonistas são bastante carismáticos, o público torce para que eles consigam vencer a disputa no final.
Outro destaque de “Universidade Monstros” está nos personagens novos que fazem parte da continuação, como a reitora Hardscrabble (dublada por Helen Mirren), dona de um semblante sinistro e disposta a não facilitar a vida de Mike e Sulley. Além dela, os outros integrantes da Oozma Kappa são muito engraçados e responsáveis por algumas das melhores piadas do filme e mantém o otimismo a maior parte do tempo, mesmo sendo os “losers” do campus.
O trabalho dos animadores da Pixar continua muito bom, especialmente no tratamento de luz e sombras, seja nas aplicações feitas nos personagens ou nos cenários, como na cena em que Mike e sua turma têm a primeira aula num dos prédios mais solenes da universidade.
O único porém do filme está na mensagem final, que indica que as pessoas devem se conformar com o que são, pois assim evita maiores desgostos no futuro. Mesmo assim, “Universidade Monstros” se mostra como mais um grande acerto da Disney/Pixar (que se mostra cada vez mais graduada na arte de divertir e emocionar) e uma ótima continuação do sucesso de 2002, que dá até vontade de ver mais histórias do universo de Mike e Sulley.
Quem sabe até com a volta da fofíssima Boo, que encantou a todos em “Monstros S.A.”, mas que por razões óbvias, não está neste filme.
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