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A Chave de Michelangelo, de S. U. Amorim

a chave de michelangeloO Código da Vinci, de Dan Brown, despertou reações diferentes nas pessoas que o leram. A Igreja não gostou, alguns leitores viram a história como uma grande jogada para vender milhões, outros consideraram o melhor livro do mundo, e alguns taxaram apenas como mais uma obra ocupando espaço nas prateleiras. Porém, para Sérgio Ubirajara de Amorim o Código da Vinci foi além: despertou nele a vontade de ser escritor. Depois de um ano e meio de pesquisas e horas em frente ao computador nasceu A Chave de Michelangelo, primeira obra escrita pelo autor.

Segundo o próprio autor, A Chave de Michelangelo vai contra a obra de Brown. A Igreja que antes era atacada agora é a grande heroína na história. Nesse livro, o mundo está prestes a ser dominado pelas forças luciferianas, que à milênios planejam dominar a criação de Deus e colocar Lúcifer no trono de “grande chefe”. Para isso, os Filhos de Set, seita que arquiteta o plano, precisa de alguns objetos para concretizar o que almeja. A trama se dá a partir da procura pelo Livro de Ouro, escrito por Mefistófeles que revela a localidade de um grande tesouro

Para atrapalhar o pessoal satânico, a rica neta de um famoso egiptólogo, um padre anglicano e uma jovem estudante de Teologia unem suas cabeças privilegiadas para tentar encontrar o Livro de Ouro antes dos Filhos de Set. Assim, o grupo viaja dos EUA à Inglaterra, Egito, Itália e até para Antártida para cumprir seu objetivo.Enquanto isso, dois policiais italianos tentam desvendar o sequestro de uma menina russa, desconfiando de que ela seja sacrificada em um ritual satânico.

Infelizmente, o livro me decepcionou. Tive grandes expectativas quanto a ele, mas foi pura empolgação. É uma história mirabolante e cheia de detalhes que não foi bem desenvolvida e apresentada,chegando a confundir mais do que esclarecer. Os grandes avanços econômicos e tecnológicos são vistos como artimanhas de Lúcifer para exercer seu domínio sobre a Terra, e apenas a Igreja é apresentada como pura e salvadora. A narração não flui por conta dos erros de pontuação e de grafia. São muitas vírgulas e travessões fora do lugar que constantemente confundem o leitor, e em alguns trechos até os nomes das personagens são apresentados fora do contexto.

Os enigmas que compõem a trama não são aprofundados. As respostas aos mistérios apresentados no livro são dadas sem muito diálogo e explicação, fazendo parecer que as personagens são perfeitas enciclopédias ambulantes. Não bastasse isso, algumas coisas são explicadas demais. Muitos fatos são repetidos desnecessariamente, apresentados de uma forma que chega e ser irritante. Logo após uma revelação ser feita, as personagens a repetiam como perguntas utilizando as mesmas palavras, e logo após a confirmação era dada da mesma forma. Muitos parágrafos poderiam ser pulados por conta dessas cansativas repetições

O leitor se vê perdido em meio à narração. Nenhuma orientação acerca do tempo transcorrido é dada. Tudo poderia ter acontecido em alguns dias,semanas ou meses. As personagens também não foram bem caracterizadas. Por exemplo, a menina russa sequestrada. O autor poderia ter se aprofundado na sua história, dando um caráter mais misterioso à trama que despertaria a curiosidade do leitor. Mas não, muitas vezes a menina é esquecida, deixada em um segundo plano, sendo que ela é uma peça importante no livro.

A Chave de Michelangelo poderia ter sido uma ótima leitura se ela fosse mais elaborada e revisada. A premissa do livro é criativa, mas faltam algumas técnicas de abordagem que tornariam a obra mais atraente. Entretanto, uma coisa é certa: uma pessoa determinada pode sim escrever um livro sem ter feito nada parecido antes. Mesmo o resultado não sendo muito bom, fica o sentimento de que é possível realizar tal tarefa, e a experiência trará a qualidade. Não espero que essa resenha seja tida como uma crítica negativa ao livro, mas sim construtiva. Posso parecer pretensiosa, mas espero que o próximo livro de Amorim possa ser melhor trabalhado, e que algumas das críticas que fiz sejam usadas para melhorar a sua obra.

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Comentários 4
  1. realmente esse livro me decepcionou. e muito.
    só o fato de ter uma faixa escrito o anticódigo da vinci em sua capa já me desanimou, mas como ganhei o livro, fiquei curioso para lê-lo.
    infelizmente ele foi escrito como uma tentativa frustrada de combater o código.
    independente da religião de cada um, o livro é ruim, com reviravoltas sem sentido e muitos absurdos sem nexo.
    me senti um filho de set,tamanha a perseguição à tudo q não vem da igreja.

  2. O livro a Chave de Michelangelo não é apenas um entretenimento, uma estória. Há um motivo para que ele tenha sido escrito. Um motivo o qual talvez o próprio autor desconheça ou não. Mas o seu sucesso só é vísivel entre os que conhecem esse motivo. O Código da Vinci fez muitíssimo sucesso em mundo ocidental cristão! Isso é, no mínimo um grandissíssimo paradoxo. Por que tanto sucesso de um livro que vai totalmente de encontro ao pilares da nossa sociedade cristã? Pesem nisso…

  3. Escritor de primeira viagem é assim mesmo.
    Muitas vezes vemos o escritor publicando o primeiro livro, mas antes ele ja escreveu varias histórias que ficaram na gaveta.
    Nesse caso foi a primeira, primeira mesmo!
    Fazer o que…

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