Tivemos diversas ondas na literatura, com os bruxos de “Harry Potter”, vampiros em “Crepúsculo” e com o final de ambos, o mercado não poderia continuar estagnado em séries tão populares, logo era chegada a hora de partir para novos rumos. Procurando preencher esse vazio nos leitores, o boom literário que segue é o das distopias a começar pela trilogia de “Jogos Vorazes”, que apesar de não ser tão boa assim, abriu portas para que o gênero fosse explorado. E para apimentar um pouco as coisas, chega uma ‘nova’ trilogia distópica, “Divergente” (Editora Rocco – 504 páginas), que já tem um longa para os cinemas em produção e promete surpreender.
Em uma Chicago futurística, Beatrice está prestes a completar 16 anos e precisará escolher uma das cinco facções que existem para seguir seu caminho. Assim como seus pais e irmão, ela cresceu na Abnegação e vive de acordo com as regras, nada de vaidade, roupas simples, cinzas e sempre ceder e ajudar o próximo. Com a aproximação do dia do teste, Beatrice trava uma luta interna entre continuar em sua facção atual ou escolher qualquer uma das outras, Franqueza, Amizade, Audácia ou Erudição. Escolher qualquer outra irá implicar em muita coisa, principalmente em ficar longe dos seus pais e até ser rejeitada por eles.
No dia do teste de aptidão, Beatrice precisa enfrentar obstáculos e cada uma das respostas irá determinar seu futuro. Ao terminar, sua orientadora parece muito preocupada e lhe diz que o resultado de seu teste foi inconclusivo. Ela parece não querer mais falar sobre, mas Beatrice continua questionando e então ela explica que a cada uma das escolhas que fez nos obstáculos apontou para uma determinada facção e que todas foram diferentes, algo muito incomum de acontecer, tornando-a uma divergente. Assustada, Beatrice não faz ideia do que seja e Tori a aconselha a não comentar com ninguém, pois é algo muito perigoso. Temendo o que irá fazer em seguir, mas decidindo por seus instintos, ela escolhe a facção Audácia. Seu primeiro teste de iniciação é pular em um trem em movimento, o que ela consegue com alguma dificuldade. Aqueles que não conseguirem passar nos testes se tornarão sem facção, pessoas a vagar nas ruas sem qualquer apoio.
Ao saltarem em cima de um terraço o segundo teste é pular dele para dentro de um buraco escuro. Cansada de ser a chacota das outras facções, Beatrice decide ser a primeira e ao chegar lá embaixo é pega por uma rede onde um menino lhe ajuda a descer. Quando ele pergunta seu nome, ela fica pensativa e decide ser outra pessoa respondendo Tris. Nova facção, nova vida. Ela precisará sobreviver a sua iniciação e aprender o que tem de tão perigoso em ser uma divergente, o que ainda lhe trará muitos problemas.
Com uma narrativa simples e contagiante, o primeiro livro de Veronica Roth supera expectativas. A autora constrói este mundo distópico sem se prender a muitos detalhes, apenas ilustrando o necessário. O questionamento que Roth propõe é muito interessante, pois se refere ao nosso posicionamento como indivíduos em uma sociedade onde geralmente o diferente é visto como ameaça. Aquele que se destaca seja em qualquer campo, será possivelmente alvo de inúmeros ataques verbais e até físicos. Por isso ela criou esse mundo, onde todos precisam seguir uma determinada linha de comportamento e raciocínio e colocou personagens dispostos a romper essas barreiras e perguntar o famoso ‘e se’. Personagens esses, que como Tris são simplistas e vão evoluindo conforme as dificuldades vão aparecendo, dando um certo frescor a história. Além de serem completamente humanos e agirem como tal mesmo nesse universo distorcido.
Apesar de se tratar de um outro universo, uma outra história, é quase impossível não fazer algumas comparações com a outra famosa trilogia. A começar pela personagem principal, Tris, que apesar de também ser uma garota e de ter a mesma idade, as semelhanças com Katniss param por aí. Pois mesmo enfrentando inúmeras dificuldades ela não se vitimiza, nem fica fugindo dos problemas ou se esgueirando pelo cantos a espera de que alguém venha socorrê-la. Diria até que ela é mais inteligente, conseguindo encontrar saídas e soluções que ninguém antes pensou e se erguer diante as maiores provações emocionais.
“Divergente” é um daqueles livros que você só consegue soltar após a última página e torce para que tudo der certo para alguns e errado para outros. Para seu primeiro romance de estréia, Veronica Roth saiu-se muito bem, ficando na lista de best-sellers do jornal The New York Times entre os mais vendidos. Já é possível adquirir a continuação “Insurgente” e a terceira e última parte “Convergente” saíra por aqui em Março de 2014, mesmo época de lançamento do filme que teve seus direitos comprados pela Summit Entertainment, a mesma de Jogos Vorazes.
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