“Sete meio-sangues responderão ao chamado /
Em tempestade ou fogo, o mundo terá acabado /
Um juramento a manter com um alento final /
E inimigos com armas às Portas da Morte afinal.”
Profecias, Amazonas, centauros, ciclopes, harpias, combates no Arizona e Canadá, além de animais fantásticos são alguns dos ingredientes deste segundo volume de Os heróis do Olimpo, série de Rick Riordan que faz da mitologia grego-romana tema central de sua história, e da mesma forma que em O herói perdido, primeiro título da série, continua a saga iniciada em “O ladrão de raios”.
No lançamento anterior, o autor apresentou o trio de semideuses formado por Jason Grace, Piper McLean e Leo Valdez salvando a deusa Hera. Agora em O filho do Netuno (The Son of Neptune, tradução de Raquel Zampil, 432 páginas, Intrínseca), num outro acampamento meio sangue, três jovens também se encontram ligados pela profecia, e um deles é o desaparecido Percy Jackson.
A narrativa se inicia quando os acontecimentos do primeiro volume terminam. Traz o já conhecido Percy amnésico tomando parte do acampamento de semideuses romano, no qual a descendência dos deuses romanos treina. Com ele, se junta o desajeitado Frank Zheng, filho de Marte; um grandalhão e seu inseparável pedaço de madeira; e Hazel Levesque, filha de Plutão, que deveria estar morta. O novo trio recebe a missão do próprio deus da guerra para libertar Thanatos, o deus da morte que foi aprisionado por Alcioneu no Alasca, e restabelecer o equilíbrio da vida e da morte.
Bem, a história segue no mesmo ritmo da anterior: fluida, dinâmica e com um tom bem moderno, mas é bem superior, pois apaga o lado infanto-juvenil, cultivando uma mais amadurecida trama. A forma que o autor a desenvolve também merece destaque pela diferença de O herói perdido; aqui se utiliza de novas linhas de enredo e do ponto de vista dos seus três protagonistas para narrar uma abordagem em terceira pessoa bem mais interessante, talvez pela maneira como é construído o psicológico dos personagens. Em relação aos acampamentos, estão separados, apesar de compartilharem os mesmos pais divinos, devido aos aspectos diferentes que os deuses possuem nas duas culturas. O grupo romano, diferentemente do grego que é mais individualista, luta de forma compacta como uma Legião dos césares. Todas as decisões são feitas no Senado, há toda aquela burocracia (questor, pretor, edil, etc), seus ataques são coordenados e estratégicos, e bem mais cruéis.

O autor surpreende mais uma vez ao abordar o aspecto romano dos deuses, novos personagens, o desenvolvimento da história, a retomada amadurecida do personagem que deu origem à série e a preparação para uma nova Gigantomaquia, além de um final que foge do clichê. A terceira parte da série, The Mark of Athena (A marca de Atena) sairá ano que vem e não paro de pensar no que Riordan pensou para manter o mesmo ritmo dos dois já lançados. Parabenizo a Intrínseca pela edição, um capricho na capa e na diagramação, além da tradução bem feita. Recomendo.
[xrr rating=5/5]
Comente!