Literatura

Prêmio literário reconhece trabalho de pequenas editoras e seleciona qualidade

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O Oceanos, principal prêmio internacional de literatura em língua portuguesa, acaba de divulgar a sua relação de semifinalistas para a edição deste ano. São 60 obras de diversos gêneros literários que disputam a grande premiação e pela primeira vez tem entre os selecionados a presença de um autor do Timor Leste – o romancista Luís Cardoso, ainda pouco conhecido internacionalmente – e de três escritores nascidos em países em que o português não é o idioma oficial. São eles, a romena Golgona Anghel, o espanhol Alfonso Pexegueiro e a suíça Prisca Aguston, esta mais conhecida dos brasileiros.
Concorrem ao Oceanos livros escritos em português e editados pela primeira vez durante o ano de 2017. O regulamento indicava a seleção de 50 dos 1364 livros inscritos (de 346 editoras diferentes e de vários países) para a semifinal, mas a organização decidiu levar 60 títulos para a nova etapa, deixando na disputa 31 romances, 22 livros de poemas e 07 de contos.
Entre as obras brasileiras, destaque para as editadas pelas chamadas pequenas editoras. A grande presença dessas  editoras na premiação indica a opção do prêmio pela qualidade artística produzida pelas casas editoriais em detrimento às eventuais influências de mercado. A Penalux, editora de Guaratinguetá que tem reforçado o seu time de autores, emplacou dois semifinalistas, reconhecimento à qualidade de sua produção. Recentemente a Penalux teve obras indicadas para as etapas finais de outros prêmios importantes como o Jabuti e seus editores e diretores tem assumido opções editoriais e administrativas corajosas como a publicação de traduções, a abertura de espaços para gêneros pouco valorizados pelas casas de publicação como o terror e suspense, e uma relação transparente com seus autores, com um mecanismo online de prestação de contas da vendagem das suas obras.
Entre as pequenas, 7Letras, Macondo e Reformatório emplacaram títulos também.
Outro destaque é a presença do romance “Como se me fumasse”, de Marcelo Mirisola (Editora 34) entre os selecionados. Mirisola é conhecido pela crítica mordaz às premiações (sempre quando não está entre os indicados), apesar de ser um dos melhores escritores brasileiros.

Obras selecionadas:
“A construção do vazio”, de Patrícia Reis (Dom Quixote)
“A jaca do cemitério é mais doce”, de Manoel Herzog (Alfaguara)
“A noite da espera”, de Milton Hatoum (Companhia das Letras)
“A noite imóvel”, de Luís Quintais (Assírio & Alvim)
“A noite inteira”, de Frederico Pedreira (Relógio D’Água)
“A queda de um homem”, de Luís Osório (Teorema)
“A sábia ingenuidade do dr. João Pinto Grande”, de Yuri Vieira (Record)
“Adeus, cavalo”, de Nuno Ramos (Iluminuras)
“Alucinar o estrume”, de Júlio Henriques (Antígona)
“Anjo noturno”, de Sérgio Sant’Anna (Companhia das Letras)
“Antiboi”, de Ricardo Aleixo (Crisálida)
“As pessoas do drama “, de H. G. Cancela (Relógio D’Água)
“Atlas do impossível”, de Edmar Monteiro Filho (Penalux)
“Baixo contínuo”, de Rui Nunes (Relógio D’Água)
“Caderno de Clara Maria Joana”, de Beatriz Escorcio Chacon (Ibis Libris)
“Câmera lenta”, de Marília Garcia (Companhia das Letras)
“Casa dos ossos”, de Prisca Agustoni (Macondo)
“Catálogo de perdas”, de João Anzanello Carrascoza (SESI-SP)
“Cicatriz encarnada”, de Rogério Manjate (Cavalo do Mar)
“Coleccionadores de sonhos”, de António Oliveira e Castro (Gradiva)
“Como se me fumasse”, de Marcelo Mirisola (Editora 34)
“Corvos cobras chacais”, de António Carlos Cortez (Jaguatirica)
“Curso de escrita de romance nível 2”, de Álvaro Filho (Cepe)
“Debaixo da pele”, de David Machado (Dom Quixote)
“Eletricaestrela”, de Nuno Virgílio Neto (7Letras)
“Enquanto os dentes”, de Carlos Eduardo Pereira (Todavia)
“Entre facas, algodão”, de João Almino (Record)
“Etiópia”, de Francesca Angiolillo (7Letras)
“Fazendas ásperas”, de Geny Vilas-Novas (7Letras)
“Flor de algodão”, de Santana Filho (Reformatório)
“Gog Magog”, de Patrícia Melo (Rocco)
“Hoje estarás comigo no paraíso”, de Bruno Vieira Amaral (Quetzal)
“Menina escrevendo com pai”, de João Anzanello Carrascoza (Alfaguara)
“Música extensa”, de Luis Carlos Patraquim (Alcance)
“Na quina das paredes”, de Bernardo Ceccantini (7Letras)
“Nadar na piscina dos pequenos”, de Golgona Anghel (Assírio & Alvim)
“Não está mais aqui quem falou”, de Noemi Jaffe (Companhia das Letras)
“No reino das girafas”, de Jacqueline Farid (Jaguatirica)
“Noite dentro da noite”, de Joca Reiners Terron (Companhia das Letras)
“Nunca houve tanto fim como agora”, de Evandro Affonso Ferreira (Record)
“O albergue espanhol”, de Jorge Carlos Fonseca (Rosa de Porcelana)
“O Deus restante”, de Luis Carlos Patraquim (Cavalo do Mar)
“O livro da imitação e do esquecimento”, de Luis S. Krausz (Benvirá)
“O livro das mãos”, de Gisela Gracias Ramos Rosa (Coisas de Ler)
“O mais difícil do capitalismo é encontrar o sítio onde pôr as bombas”, de Judite Canha Fernandes (Urutau)
“O mito de europa”, de Nuno Júdice (Dom Quixote)
“Os loucos da rua Mazur”, de João Pinto Coelho (Leya)
“Os novos moradores”, de Francisco Azevedo (Record)
“Pai, pai”, de João Silvério Trevisan (Alfaguara)
“Para onde vão os gatos quando morrem?”, de Luís Cardoso (Sextante)
“Pequenas mortes cotidianas”, de Paula Giannini (Oito e meio)
“Pra que serve a palavra nunca”, de Álvaro Miranda (7Letras)
“Pretérito imperfeito”, de B. Kucinski (Companhia das Letras)
“Quando as girafas baixam o pescoço”, de Sandro William Junqueira (Caminho)
“Serão os cisnes que voltam?”, de Alfonso Pexegueiro (Coisas de Ler)
“Singularidades”, de A. M. Pires Cabral (Cotovia)
“Teoria da fronteira”, de José Tolentino Mendonça (Assírio & Alvim)
“Terceto para o fim dos tempos”, de Maria Lúcia Dal Farra (Iluminuras)
“Traço-oco”, de Paulo Nunes (Penalux)
“Vácuos”, de Mbate Pedro (Cavalo do Mar)

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