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Trechos de três prosas do escritor Lulu Mendes

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Lulu Mendes nasceu em Campinas, SP, e cresceu em Hortolândia. Formado em jornalismo pela Universidade FIAM-FAAM, trabalhou no mercado de moda e atualmente colabora com projetos jornalísticos e publicitários para a Globo pela Agência Canarinho. Recentemente, estreou na autoficção com “Magia do Desejo Suave” (120 págs., Editora Minimalismos), uma coletânea de 19 narrativas que explora desejo, identidade, vício e luto. Inspirado por suas experiências na newsletter “Fumódromo”, o livro oferece um retrato perspicaz da vida moderna, refletindo sobre o impacto da internet e da experiência digital na sociedade.

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É como se toda a primeira década do milênio consistisse em Fergie e Akon. O DJ toca as mesmas músicas dos anos 2000: dançamos Crazy in Love com ressaca não da noite, mas das últimas duas décadas: ouvimos os mesmos hits e ainda não temos ideia do que dizem. Ouvimos os hits dessa época, também não entendemos, mesmo que sejam eventualmente cantados na língua portuguesa. 

Ninguém tem trinta anos, estão todos congelados na nostalgia dos dezessete, a idade do coração selvagem”.

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“De onde venho, as coisas do mundo e as coisas de Deus estão no seu devido lugar. O que é do mundo (rock n roll, sexo antes do casamento, drogas etc) está condenado ao mundo, e o que é de Deus (a família, a devoção, o transe, a manifestação do espírito santo) está na travessia deste mundo condenado para a grande promessa, que é selada pelas águas do batismo nas igrejas desde João Batista. 

Acontece que Elvis Presley é, ao mesmo tempo, ídolo e cristão. Ele tem o coração do mundo, mas também o coração doutrinado do meu avô evangélico”.

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“Isso muda quando, naqueles instantes antes do encontro, você se dá conta de que há alguma coisa habitando os esconderijos; se remexendo, se aproximando, tentando se dizer. Você dá um passo para ouvir melhor, ainda é abafado, pouco nítido, ainda é miragem. As portas se abrem: dê um passo. Mais um. E mais um. Está lá: aquilo que é estranho porque tornou-se estranho acidentalmente, e também familiar porque não poderia ser outra coisa. Um amigo, um amante, um parceiro de cinema e de música na sala de estar: alguém para subir junto, descer junto, talvez não do céu ao inferno, às vezes no mesmo andar já basta: descer com a alma rente ao corpo”.

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