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Três perguntas para o autor português Jorge Reis-­Sá

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Jorge Reis-­Sá nasceu em Vila Nova de Farmalição uma pequena cidade no norte de Portugal, em 1977. Entre 1999 e 2009 fundou e dirigiu a Quasi Edições, e foi diretor editorial da Babel entre 2010 e 2013.

Sua extensa obra de poesia está reunida no volume Instituto de Antropologia Todos os poemas (Glaciar, 2013), nos livros de contos Por ser preciso (2004) e Terra (Sextante, 2007) e nos romances publicados Todos os dias (Record, 2007) Dom (Record, 2009).

 

Entrevista com Jorge Reis-­Sá

A.: O romance em forma de diário onde a esposa de Francisco em morte cerebral, mas ligada aos aparelhos para a manter a gravidez até o nascimento da filha Matilde tem uma carga emocional muito forte na leitura do romance. Como pensou este liame para o romance e porquê?

Reis-­Sá: Quis definir o amor juntando aquilo que me parece o mais próximo: a morte. A perda é o fio que une um e outro. E nesse caso um diário de uma morte anunciada somada a um nascimento pareceu-me o melhor. O paradoxo total da morte e da vida, do amor levado ao limite da loucura.

A.: A formar de você narrar traz uma beleza e tanto ao romance. Ela de certa forma constitui o texto como uma semântica de poeticidade onde a dor e ausência do amado traz não peso ao texto mas sim uma “leveza” ao ler a narrativa. Você acredita que a maneira de narrar possa processar até o próprio jeito de sentir do leitor ao ler o livro?

Reis-­Sá: Sim, sem dúvida. O tema já é forte pelo que gosto que a escrita seja leve de tão poética. Escrevo desta maneira para tentar levar o leitor onde quero: uma lagrima pequena na história mais dura. Não quero assoberbar o leitor com dureza. Antes com simplicidade.

A. Esta harmonia na relação do amor entre os personagens não é quebrada pela morte de Suzana. Ela é constituinte na elaboração do luto de Francisco. Há formas de se elaborar a perda do jeito com o amor se processa no outro durante a alteridade que temos com o parceira(o) amada(o)?

Reis-­Sá: Acho que sim. O amor só existe em relação a algo. Mesmo quando é em relação a nós, nesse contexto nós somos o objeto que ama mas também o amado – mas outro. E a perda explica bem como o amor é forte. Talvez seja só ela que o explica bem.

 

Jorge Reis-Sá lançou recentemente “A definição do amor” pela Editora Tordesilhas.

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