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“Born This Way” expõe a bem sucedida androgenia sonora de Lady Gaga

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Se existe alguma cartilha para os ditames da chamada música pop, pode ter certeza de que a performer Lady Gaga o estudou com afinco e anda fazendo a lição de maneira assustadoramente bem sucedida. A cantora nova-iorquina de 25 anos, que vem se fazendo presente em qualquer poro midiático que exista nesse início de século, lançou seu mais novo trabalho (com peso conceitual de segundo disco) Born This Way tentando se manter no frescor do status de ícone que almeja desde o emblemático primeiro trabalho.

A sombra da influência (assumida) e referência de Madonna ainda é presente, mas entra no viés elementar do circo que a cantora atualmente representa. O aspecto mais impressionante do caminho que Gaga traçou até o topo que se encontra é o agressivo trabalho de marketing (na maioria das vezes pessoal) que implementou um universo próprio que legitima as bizarrices e devaneios da cantora, para assim estimular o seu nome (e suas músicas) nos guetos mais influentes do planeta.

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=wagn8Wrmzuc[/youtube]

O CD é recheado de hits bem produzidos e arquitetados para as pistas, dialogando com o (poderoso) universo gay e o impreciso meio jovem.

A canção homônima, Born This Way, e a estranha Judas (e seus clipes sensacionais) são, no fim das contas, as melhores músicas do disco, por terem bases eletrônicas incandescentes, mas esbarrando numa divertida levada rock. Grudam que é uma beleza.

O que fica de mais marcante em todo o álbum é a busca desenfreada por uma sonoridade sem rótulos e isso deixa o resultado bem interessante. São guitarras altíssimas, sax oitentista trazendo charme, arranjos deslocados, enfim, é uma barulheira descentralizada que revela que Gaga não está para brincadeira. Por isso, em meio a esse estranhamento melódico, fica a sensação de que existe algo de substancial em meio aquela plástica toda. Gaga deixa isso claro até em baladas mais, digamos, fáceis como a correta You And I. Nas mais coléricas como a comentada Americano, se deixa levar pelo senso comum, mas em babas como Hair, relaxa e goza numa baladinha sem maiores virulências. Isso sem contar com a gostosinha The Edge Of Glory, que fecha o CD.

Óbvio que há faixas mais desnecessárias (Bloody Mary), mas Born This Way, acima de pretensões de salvadora da pátria Pop, é um disco importante para a parafernália quase institucional que a cantora se tornou e alimenta a cada apresentação escalafobética e (quase) genial que faz.

Aonde o mundo só enxerga superficialidade “Madonniana”, eu arrisco dizer que o traçado até aqui nos aponta para uma Gaga mais Prince em sua androgenia sonora. Quem disse que o mundo andava careta?

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