Entrevista com Dave Pirner, vocalista do Soul Asylum

O Soul Asylum está de volta ao Brasil para o show na Tropical Butantã em São Paulo. Sucesso nos anos 90 com o hit ‘Runaway Train’ do disco “Grave Dancers Union” (de 1993), a banda de Minneapolis se encontra com outro nome expressivo do rock indie da época, as meninas do L7 (que tocam no Rio nesse sábado).
Por telefone do Chile, o vocalista Dave Pirner, único membro da formação original, (mas o show conta com o baterista Sterlling Campbell, que integrava a banda na fase do auge) falou à Revista Ambrosia sobre as lembranças do Brasil – onde esteve em 1994 abrindo para o INXS no Rio e São Paulo e em 2001 fechando o primeiro dia do Pop Rock Brasil em Belo Horizonte – o que influenciou o último álbum “Change of Fortune”, de 2016, e a expectativa para o show.
Ambrosia: Bom estar de volta depois desses anos?
Dave Pirner: Sim, claro! Eu estava ansioso para voltar.
 A: De que você mais se lembra das outras visitas?
Dave: Fiquei  por uma semana e foi a melhor coisa da minha vida, absorvendo a cultura, pessoas bonitas, a comida, a garota de Ipanema. Deus, foi incrível! E na vez anterior dividimos o palco com INXS, foi ótimo andar com Michael Hutchence e os rapazes. Foi muito especial. Eu estou ansioso por essa volta. Eu amo o Brasil.
A: Creio que você saiba que ‘Runaway Train’ foi um grande sucesso no Brasil. Na época muita gente achou que vocês eram uma banda nova, mas já estavam na estrada fazia dez anos, certo?
Dave: Sim, é isso aí.
A: Quando Soul Asylum estourou as pessoas associavam com o Grunge de Seattle. Alguns achavam até que vocês eram de lá. Definitivamente aquele movimento dos anos 90 abriu os olhos da indústria para o alternativo. Como você vê os reflexos disso hoje?
Dave: Boa pergunta. Muita coisa aconteceu e muita coisa mudou. Sempre haverá bandas jovens de punk rock. Eu tenho um estúdio em Minneapolis e há 40 outras bandas praticando lá. Ouço de tudo ali. Vários estilos. Não dá exatamente para apontar um.
O que pessoas chamam de punk, ou alternativo ou grunge, realmente não me importa. Uma coisa realmente que aconteceu durante o chamado movimento grunge é que muitas pessoas começaram a afinar suas guitarras para notas mais baixas, soando como Alice in Chains. Ficou mais pesado, fundindo com o heavy metal às vezes. E isso foi sendo levado adiante de certa forma como no que se chama de Screamo, por exemplo.
Ao mesmo tempo há uma coisa que não pra nomear, orgânico, com base no punk e folk. Não me preocupo com coisa como estilo, ou como as pessoas querem chamar. Alternativo significava, antes de ser coisa que passava na MTV, algo que ninguém queria (risos). Mas sempre haverá bandas à margem,  que ninguém quer ouvir. Acho que isso nunca irá desaparecer (risos).

A: Sobre o último álbum, Change of Fortune, há nele um clima animado e melódico. O título (mudança de sorte) é literal?
Dave: ‘Change of Fortune’ é uma música que vem de minha experiência em New Orleans para onde eu me mudei. Eu estava procurando por algo diferente. Algo a que nunca fui exposto, que era basicamente Nova York, Minneapolis e Los Angeles. E eu achei em New Orleans.
E na parte musical a cidade me afetou de forma muito emocional,  pois é como se fosse História viva. O que se produz ali é atemporal e orgânico. E certamente A canção ‘Change of Fortune’ tem muito desse ritmo de New Orleans e em algumas outras canções. Sabe, isso meio que me ajudou a me reeducar com a origem da música.
Eu era trompetista no ensino fundamental, então isso veio uma espécie de fechamento de ciclo para mim.
Entrevista com Dave Pirner, vocalista do Soul Asylum – Ambrosia
A: Fale-me da atual formação do Soul Asylum.

Dave: Bem, temos Michael  Bland tocando bateria. Michael é um cara muito muito grande. Daí temos o Sterlling Campbell para tocar ao vivo. Ele estava no “Grave Dancers Union”, da maioria das músicas que tocaram no rádio. Estou muito empolgado em ter o Sterlling comigo. Winston Roye toca baixo, e é incrível. Ryan Smith toca guitarra guitarra, ele tem sessenta alunos de guitarra é um cara muito fácil de se trabalhar e de se entender.  Ele tem muito mais prática de guitarra do que eu tive (risos). É uma ótima combinação.
A: E para o show em São Paulo com o L7 no próximo domingo (02/12)? O que os fãs podem esperar?

Dave: Estou muito empolgado, sou fã de L7. Estou ansioso para vê-las. Nós tocamos juntos em shows pré-escolha, coisa do tipo. Estou ansioso. Não as vejo há algum tempo. Tocaremos um set mais curto. Estaremos amanhã à noite (dia 29/11) na Argentina. Vai rolar muita coisa boa.

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