Música

Green Day fica entre a ambição e a descontração com “Revolution Radio”

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Ao ouvir a primeira faixa de “Revolution Radio” (Reprise, 2016), que o Green Day acaba de lançar, constata-se uma certa semelhança com o ‘power mod’ do The Who. O interessante é que, apesar de não terem os ingleses como a principal influência,  a banda de Billy Joe Amstrong (vocal e guitarra), Mike Dirnt (baixo e voca de apoio) e Tré Cool (bateria, percussão e vocal de apoio) seguiu mais ou menos os mesmos passos na carreira: depois de alguns álbuns, que eram mais agrupamentos de singles, lançaram um disco conceitual.

Se “Tommy” legitimou em definitivo o que se chama de ópera-rock, o Green Day o fez com a ópera-punk “American Idiot”, e em seguida realizou uma espécie de sequência espiritual, “21st Century Breakdown” (como “Quadrophenia” é para “Tommy”, diga-se de passagem). Com desses dois ambiciosos álbuns, o trio queria mostrar ao mundo que não eram apenas uma banda de punk pop, ou punk bubble gum como muitos alcunhavam.  Digamos que o novo disco fique no meio do caminho entre a ambição de “Idiot” e “Breakdown” e a descontração e urgência que popularizou o grupo em 1994 com o álbum “Dookie”.

Porém, esse meio termo não significa exatamente que seja um equilíbrio calculado. Soa como indefinição. Como se não tivessem chegado a uma decisão quanto ao tom que dariam ao disco. A faixa-título e a nona, ‘Too Dumb to Die’, por exemplo, remetem imediatamente aos velhos tempos. Um punk direto,  com predominância dos famigerados três acordes e sabor pop. A faixa seguinte, ‘Say Goodbye’,  é outro exemplo da fórmula que os consagrou, no caso, aquelas composições mais melódicas e cadenciadas. ‘Bouncing Off the Wall’ e ‘Youngblood’ também enveredam por essa linha.

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Em nenhum momento esse novo disco acrescenta algo de novo ao currículo da banda. No anterior, a tríade Uno Dos Tres vinha com o inusitado formato de colocar três discos em série. Longe de ser ruim, “Revolution Radio” mostra que o Green Day ainda está em forma nesses quase 30 anos de vida, mas a revolução ficou apenas no título.

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