Há exatos dez anos, o mundo recebia estarrecido a notícia da morte do maior astro da música pop de todos os tempos, Michael Jackson. A notícia caiu como uma bomba, pois, ao que se sabia, o astro não estava passando por grave enfermidade. E havia uma série de shows com datas anunciadas para um mês depois. Posteriormente, ficou-se sabendo de que a morte foi decorrente de alta dosagem de remédios, mal administrada pelo médico que o acompanhava. O profissional foi preso por crime culposo (quando não há intenção de matar), mas sabe-se que Jackson era viciado em analgésicos desde os anos 80. Usou os medicamentos após as queimaduras sofridas no couro cabeludo durante a gravação de um comercial da Pepsi, o que provocou uma reação em cadeia que incluiu vício em medicamentos.
Até janeiro desse ano, calculava-se que nesse dia 25 de junho, várias homenagens ao Rei do Pop inundariam as mais diversas mídias. E o que se vê é ponderação. Tudo por conta do documentário polêmico “Leaving Neverland”, transmitido pela HBO em fevereiro. A co-produção do britânico Channel 4 com a HBO americana trata de dois homens, Wade Robson e James Safechuck, que alegam terem sido abusados sexualmente pelo astro quando crianças, além de examinar os efeitos dos abusos nas famílias das vítimas. Por mais que fãs mais ardorosos tachem o documentário de mentiroso, a reavaliação do legado de Jackson foi inevitável. Suas músicas foram banidas de várias emissoras de rádio e seus videoclipes não são exibidos em alguns canais de TV.
Claro, não se pode fechar os olhos para as informações contidas em “Leaving Neverland”. Mas também devemos atentar para o fato de que houve um julgamento sumário sem réu presente. Talvez, até mesmo por não haver condenação, mas também não existir defesa, o inegável legado de excelência musical do artista ficará arranhado para sempre. É justo?
Nascido em Gary, Indiana (EUA), em 29 de agosto de 1958, Michael Joseph Jackson iniciou sua carreira profissional aos onze anos como vocalista do grupo formado por seus irmãos, o Jackson 5. Seu talento prodígio ficou às vistas com apenas cinco anos de idade, quando já cantava e dançava com impressionante destreza. Por ser o mais novo e o mais talentoso do grupo, atraía muita atenção.
Em 1971 iniciou uma carreira solo paralela com sucesso e em 1979 mostrou que precisava mesmo brilhar sozinho no excelente álbum “Off The Wall”. Jackson se mostrou ali, aos 21 anos, um artista maduro e completo. Isso foi consolidado três anos depois com o fenômeno “Thriller”, o álbum mais vendido de todos os tempos.
Com o passar dos anos, os trabalhos não mostravam a mesma genialidade desses dois discos essenciais, o Rei do Pop ficou conhecido por suas excentricidades como fundar a sua própria Terra do Nunca, que foi cenário de supostos abusos de menores, que eram convidados a visitar o local. Ele conseguiu se livrar de duas acusações, uma em 1993 e outra em 2005. Como a segunda foi uma decisão nos tribunais e a primeira um acordo com a família do garoto, a polêmica se arrefeceu. Agora, com o documentário bombástico, paira uma incômoda dúvida que faz muita gente pender para o lado da acusação, devido à veemência dos depoimentos.
Nesse momento, é realmente difícil dissociar a imagem do cantor das graves acusações que ficarão para sempre sem apuração. Não cabe aqui discutir a veracidade ou não das declarações dos dois homens, isso já foi bastante abordado em textos e vídeos na internet. Mas nessa data, os fãs merecem lembrar do que de melhor ele nos deixou, que foi sua arte. O domínio de palco, as coreografias desconcertantes, os shows que eram super produções incríveis, isso sem falar na filantropia. Se você (assim como eu) é um fã da arte de Michael Jackson, permita-se, pelo menos no dia de hoje, afastar-se um pouco das dúvidas, das polêmicas e focar apenas na memória de momentos como esse aqui. Obrigado por isso, Michael!
https://www.youtube.com/watch?v=d17ggav1Lto
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