[Atualização]
Com apenas dois dias de polêmica e 11 dos 30 indicados solicitando remoção de suas respectivas nomeações, a organização Festival de Angouleme se retratou oficialmente e prometeu incluir mulheres na lista do Grand Prix do festival.
Apesar da conquista, os organizadores do evento ainda buscam explicar a ausência de indicações femininas como algo natural devido a história dos quadrinhos, predominantemente masculina sem dúvidas, etc, etc, etc, – uma postura embasada pelo curso de ação que continua mantendo esse status quo.
Uma vitória é apenas o começo, precisamos de um mundo mais igual em todos sentidos.
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Brian Michael Bendis, Charles Burns, Daniel Clowes, Richard Corben, Stan Lee, Milo Manara, Frank Miller, Alan Moore, Joann Sfar, Bill Sienkiewicz, Naoki Urasawa e Chris Ware estão concorrendo junto com outros tantos outros ao Grand Prix do Festival de Angouleme neste ano, porém o que chama realmente atenção é a completa ausência de representantes mulheres nas indicações (sem dizer premiações), o que têm causado uma justificada revolta contra os organizadores do prêmio francês.
Após a divulgação dos nomes o coletivo BD Egalite solicitou um boicote pela internet que vêm ganhando aderência de grandes nomes do meio, como a Editora Fantagraphics e Daniel Clowes, que declarou: “Estou suportando o boicote e removendo meu nome de qualquer consideração para o que é agora uma ‘honra’ desnecessária”. Junto de Clowes, o também indicados Riad Sattouf solicitou a remoção de sua indicação!
Considerado o graal dos prêmios de quadrinhos, o Angouleme International Comics Festival nomeia o vencedor do Grand Prix como presidente do próximo ano e até hoje nenhuma mulher foi recebeu tal honraria, e até mesmo nomes como Marjane Satrapi e Posy Simmonds que já figuravam na lista sumiram da votação deste ano.
Muito mimimi ainda é esperado no assunto, porém num meio tão plural como é o mercado de quadrinhos contemporâneo, descartar completamente a presença feminina nos quadrinhos (cada dia maior) é sim um equívoco por parte da organização que poderia ser remediado.
Vale relembrar o tragicômico Prêmio HQMix, que no último ano acabou pedindo desculpas as mulheres pela divulgação de propagandas ofensivas – ressaltando que existe sim representação feminina nos quadrinhos e que não é uma luta perdida para senhores de um velho mundo.
As feministas ainda têm muito trabalho pela frente…
Duas mulheres já venceram, Florence Cestac e Claire Bretécher.