Quadrinhos

Os gringos da Rio Comicon, parte 1 – O Velho Mundo

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Na próxima semana, o Rio de Janeiro será invadido por uma horda de nerds aventureiros de todo o país, todos em direção à Estação Leopoldina, munidos de seus celulares, câmeras fotográficas (integradas ou não), caderninhos para autógrafos e suas toalhas. Não, não estou prevendo o Apocalipse, mas esta é uma previsão otimista e muito ansiosa para a primeira Rio Comicon.

Conhecemos o estereótipo das Comic-cons internacionais de super-heróis, filmes e seriados: fãs enlouquecidos indo de stand a stand atrás de seus autores favoritos. Mas nossa nerdice – sob esse sol escaldante que se firma cada vez mais – é bem mais cool. A programação da Comicon faz os autores circularem, integrarem-se, para a gente conhecer também. Muitos são novidade no nosso vocabulário de quadrinhos.

A estrutura gigante está sendo montada na Leopoldina. Tem palestras? Tem, sim, senhor. Há três mesas programadas por dia, combinando autores de diferentes estilos e nacionalidades. Vai ter exposições também, sim senhor, são quatro diferentes (de autores independentes, dos convidados, sobre quadrinhos e história da Argentina e do safado Milo Manara). E vai ter filmes, como a estréia dos Malditos Cartunistas, vai ter cosplay, vai ter lançamentos. E ainda a Off Comicon, com rock’n roll all nite and party every day. A gente se diz nerd, aliás, mas nóis não é bobinho não.

O Ambrosia vai estar te informando sobre todos esses eventos. Para começar, vamos falar dos gringos que estão atracando em nossa praia, tanto do Velho Mundo (Europa) quanto do Novo Mundo (Américas).

Milo Manara

O grande nome do evento é italiano e nasceu em 1945. Conhecido pelas mulheres boazudas que desenha desde 1969 – que outra data melhor para começar? – tem, entre suas obras mais conhecidas, Click, desenhou o Kama Sutra, trabalhou com outro italiano bem famoso, Hugo Pratt (Verão Índio e El Gaucho), com o americano Neil Gaiman e colaborou também com o célebre roteirista chileno Alejandro Jodorowsky na série histórica sobre Os Bórgias. Seu site oficial traz a ilustração que fez para o nosso (a Comicon e o Manara serão nossos, rá-rá, ru-ru) evento. Comenta também sobre outro convidado italiano, Claudio Curcio, diretor da Comicon de Nápoles. É um dos poucos autores que tem algo publicado no Brasil.

François Boucq

Outro autor que colaborou com Jodorowsky (Face de Lune), Boucq nasceu em 1955, trabalha com quadrinhos desde 1974 e publicou nas principais revistas francesas dedicadas à nona arte (Fluide Glacial, À Suivre). Ganhou o Prêmio Angoulême em 1986 e é membro da Academia do festival.

Sobre os autores franceses, o Portal Bibliofrança traz outros detalhes.

Étienne Davodeau

Outro francês convidado, Davodeau nasceu em 1965 e começou a publicar seu primeiro livro apenas em 1992. Pertencente a essa geração contemporânea francesa, ganhou Prêmio da Crítica da associação francesa de autores de quadrinhos pelo seu Les Mauvaises Gens, em que conta histórias de sindicalistas e operários, estilo quadrinhos-reportagem que ele já vinha trabalhando há algum tempo.

Kevin O’Neill

O britânico Kevin O’Neill, nascido em 1953, trabalha desde 1976 como colorista de ilustrações infantis para a IPC. Quando a editora lançou o importante projeto 2000 AD, em 1977, O’Neill foi um dos primeiros autores a colaborar. É um dos criadores de Nemesis the Warlock, Marshal Law e The League of Extraordinary Gentlemen. Trabalhou com Alan Moore desde o início dos anos 1980, quando também começou a trabalhar como freelancer para a DC Comics.

Patrice Killoffer

Killoffer, nascido na França em 1966, participou da fundação da editora francesa L’Association, responsável pela renovação da linha editorial clássica francesa (ver artigo do Ambrosia sobre a editora). Valorizando principalmente o desenho em preto e branco, Killoffer faz cartuns pro Libération, realiza trabalho de artes plásticas e já ilustrou o Manifesto Comunista. O autor já está em terras brazucas, lançando seu Quando tem que ser (traduzido e editado por Henrique Magalhães, do Marca de Fantasia) em João Pessoa. No Rio, teremos o Killoffer e seus doppelgängers: 676 aparições de Killoffer, seu livro de 37 cm de altura será lançado pela Barba Negra, projeto de dois anos já, traduzido por esta que vos fala.

Claudio Curcio e Paul Gravett, italiano e britânico, trabalham pela divulgação dos quadrinhos, o primeiro é organizador da Comicon italiana e o segundo escreve sobre o tema para diversos jornais (olheiros de quadrinhos, será?).

(Continuação aqui.)

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