Retrato do cotidiano ordinário de quatro seres em crise conjugal e de identidade, com verniz iconoclasta indie e deliciosa de assistir, Togetherness fez uma segunda e última temporada de amadurecimento. Tanto de seus personagens como de sua visão dramática de si mesma. Por mais contraditório que isso possa parecer numa percepção mais acurada do desenvolvimento dos personagens nesse segundo ano, o que quer dizer que Michelle (Melanie Lynskey), Brett (Mark Duplass), Alex (Steve Zissis) e Tina (Amanda Peet), todos na faixa dos 40 anos, se apresentaram nos extremos de seus conflitos pessoais e muitas das vezes pareciam estar querendo adolescer. Entretanto esse processo foi mostrado com tamanha humanidade, que foi impossível não se identificar, nem que seja com apenas alguns pontos mais ou menos radicalizados.
Um dos principais êxitos dessa temporada (e da própria série em si) foi a delicadeza com que retratou as catarses dos personagens, seja a volta por cima de Michelle no último e hilário episódio, ou a entrada no ramo de motorista de Über de Brett, e até mesmo o “chove não molha” do relacionamento de Alex e Tina, que teve uma linha evolutiva bem marcada nessa temporada.
Os criadores, Jay e Mark Duplass, óbvio, dominaram muito mais a própria história nessa temporada, tendo momentos de pura digressão e ainda assim, alinhado à proposta que tinham em mãos. E isso influenciava até na excelente seleção musical que escolhiam para as cenas (particularmente, descobri bons artistas e álbuns).
Fica claro que Togetherness teria vida longa num canal de streaming, não resistindo às pressões de audiência mesmo num canal fechado de solidez, como é a HBO. Mas talvez também tenha terminado no tempo certo . E abrindo assim, possibilidades bem entusiasmantes para o trabalho dessa dupla de irmãos.
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