Terceira temporada de “Game of Thrones” é um reflexo de sua oscilante personalidade

CONTÉM SPOILERS!

A terceira temporada de “Game of Thrones” termina com aquela sensação de que ainda não se conseguiu dominar a própria potencialidade de sua matriz literária. Diluir o terceiro (e mais elogiado) livro em duas temporadas se mostrou uma opção um tanto desgastante. A série só engatou, inclusive dramaturgicamente, a partir do oitavo episódio, sendo procedido pelo já clássico The Rains of Castamere, um primor de realização e uma prova de nervos para seus milhares de espectadores. O último foi até mais linear, porém estabeleceu tramas que haviam parado desde a segunda temporada.

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O episódio seguinte a carnificina do Casamento Vermelho, o principal exército de oposição aos poderosos Lannister fica fora da jogada, deixando o patriarca Tywin (Charles Dance), bem mais tranquilo. Afinal, eram os Stark que tinham conflito direto com a família, devido à decapitação de Ned Stark (Sean Bean) pelo mimado Rei Joffrey (Jack Gleeson).

E Frey e os Bolton, inicialmente aliados dos Stark, assumiram o lado dos Lannisters com a traição a Robb. Com o primogênito morto, Bran (Isaac Hempstead Wright) seria o herdeiro por direito dos Stark. Mas após a tomada de Winterfell por Theon Greyjoy (Alfie Allen), ele e o irmão mais novo Rickon (Art Parkinson) tiveram de fugir e não têm nenhuma notícia do que acontece mais ao sul. O rapaz descobriu que é um warg – pessoa que consegue entrar na mente de animais – mas ainda é cedo para dizer se essa habilidade pode ajudá-lo a recuperar o trono de sua família. Mas os Stark não são os únicos interessados em tirar Joffrey do trono de ferro.

Stannis Baratheon (Stephen Dillane), irmão do falecido Rei Robert Baratheon (Mark Addy), não desistiu de seus planos de tomar o poder do rei adolescente. Mesmo enfraquecido pela derrota na batalha de Blackwater, Stannis tem procurado formas de reconquistar o poder com a ajuda da feiticeira Melisandre (Carice van Houten).

Do outro lado do mar, Daenerys (Emilia Clarke) vê seus poderes aumentarem cada vez mais. Com três dragões que crescem rapidamente, ela tem sob seu comando o poderoso e fiel exército dos Imaculados, com oito mil homens. A Khaleesi ainda conquistou a cidade de Yunkai, ganhando novos seguidores, e o coração de Daario Naaharis (Ed Skrein), que colocou o exército de mercenários Second Sons a sua disposição.

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Confesso que sinto certa preguiça do que virá pela frente na já confirmadíssima quarta temporada, muito pela diluição do terceiro livro em duas temporadas. Claro que ainda terão muitas viradas catárticas na segunda metade da história, porém o roteiro procedimenta demais a trama e ainda desenvolve estruturalmente mal suas histórias. Por outro lado, os personagens são muito bem delineados e a transformação humana de seus perfis é ascendente e evidente. Um trabalho de mestre. E é inegável que o grande cerne da questão da série – a busca pelo poder e suas implicações espaciais – ainda faz com que insistamos no êxito artístico do que a série pode se tornar.

 

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